Reuters
24/11/2002 - 17h07

Paramilitares da Colômbia aceitam cessar-fogo

da Reuters, em Bogotá

A principal força paramilitar da Colômbia aceitou um cessar-fogo de dois meses a partir de 1 de dezembro, depois de encontros secretos com um negociador do governo, disseram fontes próximas à discussão no domingo.

A trégua das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) é vista como um primeiro passo para a eventual retomada do processo de paz, que incluiria a desmobilização dessa força de 10 mil homens e uma anistia para seus líderes.

A Reuters apurou que nas últimas semanas o negociador Luis Carlos Restrepo se encontrou várias vezes com líderes dos paramilitares em esconderijos no norte do país. Cinco bispos católicos participaram da mediação.

Os paramilitares combatem as guerrilhas de esquerda que há 38 anos atuam na Colômbia. Só na última década 40 mil pessoas morreram na guerra civil. O principal líder dos paramilitares, Carlos Castaño, é acusado pelos Estados Unidos de ligação com o narcotráfico.

Fontes envolvidas na negociação disseram à Reuters que Castaño deve anunciar o cessar-fogo nos próximos dias.

Grupos de direitos humanos acusam os paramilitares de cometer abusos contra os civis, e por isso pressionam o recém-empossado presidente Álvaro Uribe a combater os paramilitares com a mesma intensidade que promete agir contra as guerrilhas de esquerda. Governos anteriores já tinham negociado com a guerrilha Farc, a maior do país, mas nunca com os paramilitares.

Desde que foi eleito, Uribe vem dizendo que está disposto a negociar com qualquer grupo, desde que haja uma trégua como pré-condição.

Nos bastidores, as autoridades estudam a hipótese de anistiar os líderes dos paramilitares, inclusive Castaño, caso haja um acordo de paz. O governo também poderia oferecer dinheiro aos combatentes desmobilizados.

Se anistiado, Castaño ganharia respeito político e conseguiria um papel importante em uma eventual negociação com os rebeldes de esquerda, segundo analistas. Mas ele ainda precisa enfrentar as acusações de envolvimento com o tráfico e de massacres contra civis.

Um líder dissidente dos paramilitares, que não participou das negociações, disse à Reuters que a decisão norte-americana de pedir a extradição de Castaño foi definitiva para que ele decidisse dialogar.

Em uma entrevista à Reuters, em setembro, Castaño disse que havia expulsado os militantes ligados ao tráfico e prometeu coibir os abusos contra civis. Chegou mesmo a cogitar uma rendição aos Estados Unidos para provar sua inocência.

Analistas dizem que, se houver um acordo de paz com os paramilitares, as guerrilhas de esquerda também podem ser atraídas para a negociação. No passado, as tentativas de acordo fracassaram porque as guerrilhas acusavam o governo de ser tolerante com os paramilitares.

 

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