Ataque no Quênia também atinge indústria do turismo
PAUL MAJENDIEda Reuters, em Londres
O atentado de hoje no Quênia deve provocar um enorme impacto sobre a já frágil indústria turística mundial, abalada pelo ataque de outubro em Bali (Indonésia). Reagindo a isso, a mensagem dos agentes de viagem e dos governos é desafiadora: não fique em casa.
Os problemas do setor começaram no dia 11 de setembro de 2001, quando os atentados com aviões nos Estados Unidos provocaram um certo pânico de voar. Aos poucos, o cenário foi melhorando, mas voltou a ficar sombrio nas últimas semanas.
"Primeiro Bali, agora isso o atentado no Quênia. O incidente sugere que não há mais lugares seguros, mas não podemos nos fechar e nos recusar a viajar temendo um ataque", disse Antonio Tozzi, presidente da Federação Italiana de Agentes de Viagem.
O turismo no Quênia já tinha pagado um preço pelo atentado contra a embaixada norte-americana em Nairóbi, em 1998. Desde então, porém, o número de reservas para o país permanece basicamente estável, segundo a agência alemã TUI, maior operadora de viagens da Europa.
Hoje, as autoridades tentaram acalmar novos temores que podem surgir com as imagens de destruição no Paradise Hotel, onde ao menos 16 pessoas morreram, além dos três autores do atentado.
"Os turistas não devem ficar alarmados, porque foi um incidente isolado. Todos que já têm planos devem mantê-los", disse Anthony Maina, porta-voz da embaixada queniana em Londres.
Segundo ele, "coisas assim podem acontecer em qualquer lugar". "Já vimos grandes nações sofrerem. O mundo hoje é imprevisível."
Michael Frenzel, executivo-chefe da TUI, acha que os atentados não vão fazer muita diferença. "Estamos convivendo com o tema do terrorismo o ano todo. Temos a impressão de que as pessoas estão aprendendo a fazer avaliações realistas do risco de suas viagens de férias", afirmou.
No mesmo dia em que a TUI publicou resultados que mostram um aumento em seus lucros, apesar do pessimismo no setor, um porta-voz da empresa avaliou que o Quênia continua não sendo um alvo privilegiado do terror, e por isso não deve sofrer maiores consequências.
Em Madri, um funcionário da Organização Mundial de Turismo concordou com essa idéia, dizendo que, ao contrário de Bali, o alvo no Quênia parece ter sido turistas israelenses -no mesmo dia, um avião de Israel escapou de ser abatido por um míssil.
Apesar disso, o chanceler britânico, Jack Straw, anunciou que vai rever os alertas de viagem relativos ao Quênia, país que atrai 800 mil britânicos por ano devido a sua mistura de belas praias e safáris.
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