Reuters
28/11/2002 - 17h25

Ataques contra alvos israelenses ofuscam primárias do Likud

da Reuters, em Jerusalém

Supostos atiradores palestinos mataram seis pessoas no norte de Israel hoje, logo depois que mísseis e um carro-bomba alvejaram israelenses no Quênia, ofuscando uma votação que é considerada crucial para decidir o próximo premiê de Israel.

A violência, no entanto, não deve afetar o resultado das primárias do partido Likud. Era esperado que o premiê Ariel Sharon derrotasse seu rival linha-dura, o atual ministro das Relações Exteriores, Binyamin Netanyahu.

O vencedor da disputa será candidato ao governo nas eleições de 28 de janeiro. Cerca de 305 mil filiados ao partido têm direito a voto.

A polícia e testemunhas disseram que dois atiradores abriram fogo contra um reduto do Likud (partido de direita) na cidade de Beit Shean, no norte de Israel, perto da fronteira com a Jordânia e a Cisjordânia. Segundo os médicos, além dos seis israelenses mortos há 35 feridos, 11 dos quais em estado grave. Os dois atiradores foram mortos.

As Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, grupo militante palestino ligado ao Fatah, de Iasser Arafat, disseram em um telefonema que seus atiradores lançaram o ataque para vingar os assassinatos de dois comandantes militantes no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, anteontem.

Israel costuma responder com ações militares a ataques como os de hoje, mas ultimamente Sharon vive um dilema: tomar medidas drásticas, como quer o eleitorado, ou exercer a moderação, para não atrapalhar os aliados norte-americanos, que precisam de estabilidade no Oriente Médio para uma eventual guerra contra o Iraque.

O tiroteio de Beit Shean aconteceu horas depois de um carro-bomba explodir em frente a um hotel de propriedade israelense, nos arredores de Mombaça (litoral do Quênia). A explosão matou 16 pessoas (incluindo os três suicidas). Entre os mortos, encontram-se três israelenses (duas das vítimas são crianças).

Minutos depois, um Boeing-757 da empresa israelense Arkia foi alvo de um míssil ao decolar de Mombasa. O avião não foi atingido e seguiu viagem normalmente para Israel, com 261 pessoas a bordo.

O embaixador queniano em Israel apontou a rede Al Qaeda, de Osama bin Laden, como responsável pelo ataque.

Votação
As urnas para as primárias do Likud ficarão abertas até às 22h (18h em Brasília), e o resultado deve sair no começo da tarde de sexta.

Se confirmar a vitória, Sharon enfrentará o general pacifista Amram Mitzna como candidato do Partido Trabalhista nas eleições de 28 de janeiro. As pesquisas mostram que o primeiro-ministro, eleito em 1999 com a promessa de conter a violência palestina, conseguirá mais um mandato, já que os recentes atentados fizeram o eleitorado se deslocar à direita.

A última pesquisa, apresentada hoje pela Rádio do Exército, mostra que Sharon tem 22 pontos percentuais à frente de Netanyahu.

Os palestinos vêem tanto Sharon quanto Netanyahu como "falcões", a denominação local para aqueles que querem a guerra. Eles já deixaram claro que prefeririam a vitória de Mitzna, que promete retomar o processo de paz e abandonar os assentamentos judaicos na Cisjordânia e na faixa de Gaza.

Sharon e Netanyahu culpam a Autoridade Nacional Palestina e seu presidente, Iasser Arafat, pela onda de violência. Mas analistas acham que Netanyahu errou ao se mostrar visceralmente contrário à criação de um Estado palestino, hipótese aceita pela maioria dos eleitores do Likud.

Com agências internacionais

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