Reuters
29/11/2002 - 12h50

Italianos criticam expulsão de padre que apóia gays e desempregados

da Reuters, em Roma

Vitaliano Della Sala era um padre respeitado por seus superiores até que começou a participar de passeatas ao lado de homossexuais e ativistas antiglobalização. Agora, Della Sala perdeu seu posto.

Seus fiéis estão furiosos e prometem realizar protestos que podem chacoalhar a pequena cidade de Sant'Angelo a Scala, um lugar tranquilo do sul da Itália que conta com 700 habitantes.

Ontem, o padre de 39 anos recebeu um comunicado de seu superior informando-o sobre sua expulsão da paróquia da cidade, que fica a leste de Nápoles.

A remoção de Della Sala chamou atenção dos meios de comunicação do país porque, durante anos, o padre esteve à frente de passeatas com ativistas antiglobalização, homossexuais e desempregados.

"Da noite para o dia, passei a ter os mesmos problemas daqueles que não possuem emprego ou casa para morar", afirmou Della Sala.

"Agora posso dizer de coração aberto: 'Sou um de vocês. Não tenho emprego. Não tenho casa'. Acho que esse é o plano de Deus para mim", acrescentou.

O italiano enfureceu o Vaticano dois anos atrás, quando discursou em um passeata do Orgulho Gay realizada em Roma. "Eu disse que o Vaticano estava errado por excluir os gays das comemorações do jubileu, naquele ano. Nunca disse concordar com a homossexualidade. Disse apenas que ficaria perto deles", declarou.

O próprio papa João Paulo 2º criticou a Parada do Orgulho Gay, afirmando que as autoridades de Roma haviam ofendido a honra da Igreja Católica ao permitir que o evento acontecesse durante o Ano Sagrado de 2000.

Naquele Natal, Della Sala expôs um presépio estranho em sua paróquia. O berço ficava atrás de uma janela despedaçada de um McDonald's. O menino Jesus estava desaparecido e podia-se ler o slogan: "Vamos quebrar o vidro de nosso egoísmo, o vidro que divide os ricos dos pobres".

O decreto do superior regional do Vaticano, abade Tarcisio Giovanni, foi pregado na porta da igreja de Della Sala, num gesto que lembrava o de Martinho Lutero em 1517. No decreto, Della Sala era acusado de frequentar pessoas que divulgavam opiniões contrárias aos ensinamentos da Igreja e que promoviam a violência.

Essa foi uma alusão clara ao apoio do padre aos ativistas antiglobalização. Della Sala participou dos protestos em 2001 na cidade de Gênova, onde a polícia matou um ativista.

Em uma pesquisa divulgada pelo jornal "La Repubblica", de Roma, 78% dos entrevistados mostraram-se contrários ao afastamento de Della Sala.

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