Reuters
30/11/2002 - 15h17

Mediador não obtém acordo para impedir greve geral na Venezuela

da Reuters, em Caracas

O secretário-geral da OEA, César Gaviria, havia falhado até a madrugada de hoje na tentativa de conseguir um acordo entre o governo e a oposição na Venezuela para impedir a paralisação prevista para segunda-feira (2) contra o presidente Hugo Chávez.

O diplomata é o mediador há cerca de três semanas de negociações controversas entre o governo e a oposição na busca de uma solução eleitoral para a crise política venezuelana.

No entanto, ambas as partes têm mantido posições radicalmente opostas que vêm impossibilitando acordos e preocupando a comunidade internacional e os países vizinhos, que esperam que a crise seja resolvida de forma pacífica e democrática.

Depois de reuniões que começaram na tarde de ontem e se estenderam até a madrugada de hoje, alguns dos participantes disseram que as partes não chegaram a nenhum acordo, apesar das tentativas de Gaviria de resolver a crise e evitar a paralisação.

A greve, cuja duração será definida hoje mas que deverá ser de pelo menos dois dias, foi convocada por líderes empresariais, sindicais e políticos como forma de pressionar o presidente a deixar o cargo.

O governo considera a ação um atentado contra as negociações e afirma que a oposição tem pretensões "golpistas", como na ocasião da paralisação realizada em abril, que no terceiro dia levou à destituição de Chávez do poder por 48 horas.

Gaviria não fez declarações à imprensa depois dos encontros. Ele havia feito um balanço de todas as reuniões anteriores. Anteontem, manifestou preocupação com o crescimento da tensão na mesa de negociações.

O oposicionista Leopoldo López, prefeito do município de Caracas, disse em uma entrevista à rede local de televisão Globovisión que "a paralisação de segunda-feira terá muito mais força devido à impossibilidade de se chegar a um acordo sobre os temas fundamentais".

Segundo López, um ponto fundamental salientado por Gaviria foi a realização de um plebiscito para saber se Chávez deve ou não renunciar ao cargo.

Outro ponto controverso é a intervenção do governo na polícia metropolitana em Caracas.

A oposição condiciona qualquer acordo ao fim da intervenção na polícia metropolitana, que o governo justificou como sendo uma medida de segurança depois da escalada de violência que matou pelo menos duas pessoas este mês.

Os opositores do presidente Chávez, que está há quase quatro anos no cargo depois de vencer as eleições de 1998 por ampla maioria, acusam-no de querer impor ao país um regime comunista nos moldes cubanos e de ter levado a Venezuela a uma profunda recessão, com altos índices de desemprego e inflação.

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