Bancos no Oriente Médio se adaptam ao Alcorão e eliminam juros
da Reuters, em Manama (Barein)A entrada de milhões de muçulmanos no mercado financeiro, em busca de uma forma de ganhar dinheiro sem sentimento de culpa, está fazendo com que os bancos se adaptem aos preceitos religiosos. As instituições financeiras islâmicas não cobram nem pagam juros pois consideram prática de usura.
Existem atualmente cerca de 200 bancos e instituições financeiras islâmicas no mundo, movimentando um total de cerca de US$ 120 bilhões ao ano. Eles ganham dinheiro por meio de um sistema de compartilhamento dos lucros decorrentes de seus empréstimos.
O banco al-Jazira, da Arábia Saudita, e o National Bank de Sharjah, nos Emirados Árabes, alteraram seus serviços convencionais para atender demanda por bancos que seguem preceitos do Alcorão.
"Os muçulmanos querem que as transações sejam "halal'', de acordo com a ``sharia'' (lei islâmica), e que sejam conduzidas por instituições financeiras bem-sucedidas'', disse Abdul-Latif Abdul-Rahim Janahi, executivo-chefe do Bahrain Islamic Bank.
O Barein, onde estão localizadas a sede de cerca de cem bancos, dos quais 18 são islâmicos, liderou a nova onda de adesão religiosa no setor. A unidade islâmica do Arab Banking Corporation, maior banco árabe cuja matriz é no país, anunciou em maio que pretende lançar neste ano o primeiro cartão de crédito islâmico, sem cobrança de juros.
Banqueiros do Barein, coração financeiro do golfo Pérsico, dizem que muitos negócios familiares do país vêm buscando investimento dos bancos islâmicos.
Instituições financeiras no vizinho Kuweit estão seguindo o exemplo e apostam no Islã para melhorar os negócios. O banco francês BNP Paribas e o Kuwait Finance House vão criar um fundo islâmico no valor de US$ 2 bilhões.
Embora os bancos islâmicos tenham um imenso potencial, a falta de regulamentação e poucos investimentos a longo prazo estão freiando o desenvolvimento em massa do setor. O relativamente pequeno tamanho dos bancos também é um problema.
