Reuters
08/12/2002 - 13h30

Sérvia tenta eleger primeiro presidente desde a queda de Milosevic

da Reuters, em Belgrado

A Sérvia tentou pela terceira vez, neste domingo, eleger seu primeiro presidente desde a queda de Slobodan Milosevic, mas os institutos de pesquisa estavam céticos com relação a uma eleição bem sucedida por causa da apatia predominante na república iugoslava.

Potências ocidentais pediram que as pessoas votassem, dizendo que a Sérvia precisa de estabilidade política para implementar reformas cruciais depois de décadas de guerras e isolamento internacional sob o governo de Milosevic, deposto no final do ano 2000.

O presidente iugoslavo, Vojislav Kostunica, deve vencer a corrida pela Presidência contra dois nacionalistas de linha dura sérvios, incluindo um que está sendo investigado pelo tribunal de crimes de guerra das Nações Unidas.

Mas a eleição será declarada inválida se não foram atingidos os 50% mínimos de votos exigidos pela lei. Isso ocorreu em outubro, quando Kostunica liderava.

Com Belgrado vendo os primeiros flocos de neve do inverno, a eleição começou no início da manhã) e deveria terminar tarde, às 20h locais (17h horário de Brasília).

''Não há a mínima chance de uma eleição válida, dê uma olhada no tempo'', disse o motorista de taxi Radivoje Petrovic, de 38 anos.

Espera-se que muitas pessoas se abstenham de votar em uma mostra de descontentamento com os candidatos e com o padrão de vida da população, que não melhorou muito desde que reformistas pró-democracia chegaram ao poder, há dois anos.

Duas horas depois da abertura das seções eleitorais, o número de eleitores votando chegava a 3,3%, um pouco menos que nas fracassadas eleições de outubro.

Kostunica, um nacionalista moderado, ficou em primeiro lugar nas eleições de setembro, mas não conseguiu maioria absoluta.

Em uma segunda tentativa em outubro, ele derrotou o candidato pró-mercado apoiado por seu arqui-rival, o primeiro-ministro sérvio Zoran Djindjic. Mas o número de eleitores chegou a apenas 45 por cento, forçando uma nova votação.

Kostunica e Djindjic, que cultiva a imagem de reformista econômico pró-Ocidente, foram as duas figuras de liderança no movimento de oposição que se formou para derrubar Milosevic.

Mas desde então eles se engajaram em uma amarga luta pelo poder, decepcionando muitos sérvios que tinham esperança de que colocariam de lado suas rivalidades políticas para buscarem juntos um futuro melhor.

Djindjic e seus aliados desta vez decidiram não apresentar seu candidato próprio para a presidência, e muitos de seus partidários devem ficar em casa neste dia de eleição.

''Você sabe quem é a favor da estabilidade e quem não é. Se esta eleição fracassar, ela não irá adiar as eleições parlamentares. Ao contrário, vai apressá-las'', disse Kostunica a repórteres ao votar em Belgrado.
 

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