Reuters
09/12/2002 - 08h48

Chávez pode recorrer ao Exército para encerrar greve

da Reuters, em Caracas (Venezuela)

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, deu sinais de que está pronto para usar o Exército para encerrar a greve geral da oposição, que entrou hoje na sua segunda semana.

Os grevistas, que tentam convencer Chávez a convocar um referendo sobre a abreviação de seu mandato, já reduziram pela metade a produção da importante indústria petroleira do país. O movimento não tem prazo para terminar.

Na noite de ontem, milhares de manifestantes saíram às ruas de Caracas e outras cidades batendo panelas, no que já se tornou um ritual diário contra Chávez, acusado de governar de modo autoritário e de levar o país à bancarrota.

Hoje negociadores de ambas as partes devem voltar a se reunir sob a mediação da OEA (Organização dos Estados Americanos). Até agora, não houve nenhum avanço na tentativa de buscar um acordo eleitoral para encerrar a crise.

Chávez acusa os adversários de prejudicarem deliberadamente a indústria petroleira para tentar derrubá-lo. Ele já sobreviveu em abril a uma tentativa de golpe militar. Mesmo assim, acredita ter apoio nos quartéis e conta com eles para conter os grevistas.

Num exaltado discurso de cinco horas ontem, pela TV, Chávez disse que não permitirá que os grevistas parem a estatal petroleira PDVSA e ameaçou substituir funcionários dela que desafiarem o governo.

O presidente venezuelano declarou que a Constituição permite a convocação dos militares para garantir o funcionamento de refinarias, postos de gasolina e navios-tanque. "É isso que começamos a fazer e vamos ampliar", afirmou.

Por enquanto, os militares se limitam a dar apoio à Guarda Nacional na vigilância de instalações petroleiras, mas no fim de semana os soldados chegaram a abordar um navio-tanque que aderira à greve.

A oposição reclamou da "militarização" de refinarias e barcos. "Não se resolve uma crise mediante a simples ocupação militar das instalações petroleiras", declarou o porta-voz da oposição, César Perez Vivas.

Analistas dizem que os militares não têm a experiência e os conhecimentos para manter o setor do petróleo em funcionamento.

Português preso
Em Caracas, o fim de semana foi tenso por causa do tiroteio que na sexta-feira (6) matou três pessoas durante uma manifestação contra Chávez numa praça na rica zona oeste da cidade, reduto da oposição.

Sete suspeitos foram presos ainda na sexta-feira, entre eles o português João de Gouveia, que confessou ter disparado contra a multidão, mas não explicou suas motivações. Os incidentes deixaram 21 feridos.

A ex-mulher de Chávez, Marisabel, fez um apelo pela conciliação, ontem à noite. "Presidente, por favor, ouça o povo; oposição, seja prudente", afirmou.

A oposição quer realizar em fevereiro um referendo sobre o fim antecipado do governo de Chávez. O presidente, eleito em 1998, afirma porém que a Constituição só prevê esse tipo de consulta a partir da metade de seu mandato, em agosto.

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