Reuters
09/12/2002 - 18h02

Presidente do Paraguai afirma que aceitaria renunciar

da Reuters, em Assunção (Paraguai)

O presidente do Paraguai, Luis González Macchi, que enfrenta um julgamento político no Congresso, disse hoje que poderá renunciar se os principais setores políticos do país pedirem.

Reuters - 15.dez.2000
Luis González Macchi, presidente do Paraguai
"Eu provenho de um acordo nacional e tudo o que seja uma saída acordada e com a opinião da maioria dos atores políticos da sociedade será bem-vindo", disse o presidente a jornalistas ao ser consultado sobre uma eventual renúncia.

A renúncia seria "uma saída democrática [se fosse] uma saída acordada por todos os atores políticos. Se o país concordar que González Macchi deve ir para casa neste momento e venha outro para administrar durante seis meses, felicidades", acrescentou.

A Câmara dos Deputados do Paraguai aprovou na quinta-feira (5) o início de um processo por cinco acusações de corrupção e mau desempenho de funções contra González Macchi, cujo mandato deveria terminar em agosto de 2003.

Uma comissão formada por cinco deputados deverá apresentar até o dia 20 de dezembro a acusação contra o presidente, que será julgada pela Câmara dos Senadores. A destituição precisaria de 30 dos 45 votos no Senado.

Segundo o presidente, este acordo político deverá começar a ser negociado depois das eleições internas dos partidos para escolher os candidatos para as eleições gerais de 27 de abril. As prévias estão previstas para os dias 15 e 22 de dezembro.

González Macchi assumiu a Presidência em março de 1999 em meio à pior crise política da década no Paraguai, depois do assassinato do vice-presidente Luis María Argaña e da renúncia do então presidente, Raúl Cubas.

Como presidente do Congresso, González Macchi era o terceiro na linha de sucessão de poder e chegou ao palácio do governo após um acordo entre os três principais partidos políticos: o Colorado, o Liberal -que saiu da aliança meses depois- e o Encontro Nacional (social democrata).

Ele foi confirmado no cargo pela Suprema Corte de Justiça.

O cargo de vice-presidente está vago desde outubro, quando o líder de oposição Julio César Franco renunciou para candidatar-se à Presidência.

O Congresso não conseguiu fazer um acordo político para nomear o sucessor.

Os deputados que tomaram a iniciativa do julgamento político são do Partido Liberal e de um grupo dissidente do Partido Colorado -liderado pelo ex-general golpista Lino Oviedo.

González Macchi pertence ao Partido Colorado, que governa o país há 55 anos seguidos.

Os legisladores leais a González Macchi afastaram-se do presidente com a proximidade das eleições. Segundo pesquisas, Macchi é rejeitado por mais de 70% da população.

Depois de 35 anos de ditadura de Alfredo Stroessner, que terminou em 1989, o Paraguai sofreu diversas crises políticas e tentativas de golpe que ameaçaram o sistema democrático.

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