Presidente do Paraguai afirma que aceitaria renunciar
da Reuters, em Assunção (Paraguai)O presidente do Paraguai, Luis González Macchi, que enfrenta um julgamento político no Congresso, disse hoje que poderá renunciar se os principais setores políticos do país pedirem.
Reuters - 15.dez.2000 |
Luis González Macchi, presidente do Paraguai |
A renúncia seria "uma saída democrática [se fosse] uma saída acordada por todos os atores políticos. Se o país concordar que González Macchi deve ir para casa neste momento e venha outro para administrar durante seis meses, felicidades", acrescentou.
A Câmara dos Deputados do Paraguai aprovou na quinta-feira (5) o início de um processo por cinco acusações de corrupção e mau desempenho de funções contra González Macchi, cujo mandato deveria terminar em agosto de 2003.
Uma comissão formada por cinco deputados deverá apresentar até o dia 20 de dezembro a acusação contra o presidente, que será julgada pela Câmara dos Senadores. A destituição precisaria de 30 dos 45 votos no Senado.
Segundo o presidente, este acordo político deverá começar a ser negociado depois das eleições internas dos partidos para escolher os candidatos para as eleições gerais de 27 de abril. As prévias estão previstas para os dias 15 e 22 de dezembro.
González Macchi assumiu a Presidência em março de 1999 em meio à pior crise política da década no Paraguai, depois do assassinato do vice-presidente Luis María Argaña e da renúncia do então presidente, Raúl Cubas.
Como presidente do Congresso, González Macchi era o terceiro na linha de sucessão de poder e chegou ao palácio do governo após um acordo entre os três principais partidos políticos: o Colorado, o Liberal -que saiu da aliança meses depois- e o Encontro Nacional (social democrata).
Ele foi confirmado no cargo pela Suprema Corte de Justiça.
O cargo de vice-presidente está vago desde outubro, quando o líder de oposição Julio César Franco renunciou para candidatar-se à Presidência.
O Congresso não conseguiu fazer um acordo político para nomear o sucessor.
Os deputados que tomaram a iniciativa do julgamento político são do Partido Liberal e de um grupo dissidente do Partido Colorado -liderado pelo ex-general golpista Lino Oviedo.
González Macchi pertence ao Partido Colorado, que governa o país há 55 anos seguidos.
Os legisladores leais a González Macchi afastaram-se do presidente com a proximidade das eleições. Segundo pesquisas, Macchi é rejeitado por mais de 70% da população.
Depois de 35 anos de ditadura de Alfredo Stroessner, que terminou em 1989, o Paraguai sofreu diversas crises políticas e tentativas de golpe que ameaçaram o sistema democrático.
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