Reuters
10/12/2002 - 14h34

Supermercado francês veta produtos alcoólicos e provoca polêmica

da Reuters, em Paris

Um supermercado de Evry, na França, provocou protestos entre seus frequentadores e recebeu críticas do prefeito da cidade após tirar de suas prateleiras as bebidas alcoólicas e a carne de porco a fim de conquistar clientes na comunidade local, majoritariamente muçulmana.

O prefeito da cidade, a sudeste de Paris (capital), disse que os novos proprietários dessa unidade da Franprix ameaçavam transformar Evry em um gueto muçulmano ao vender apenas carne halal (cortada segundo preceitos islâmicos) e tirar das prateleiras os alimentos e bebidas proibidos pelo Alcorão.

"São principalmente moradores franceses do local e imigrantes muçulmanos que protestam, porque são os que não querem ser vítimas de uma lógica de gueto", disse o prefeito Manuel Valls à rádio RTL.

"Vários moradores da região já sofrem com a exclusão social e territorial. Se, além disso, impusermos limitações de ordem religiosa, estaremos abrindo mão dos valores da França."

Mas os novos proprietários do estabelecimento, Mohamed e Abdel Djaiziri, disseram preferir perder a franquia da Franprix a voltar atrás em suas decisões.

"Era necessário fazer alterações para adaptar a loja à nossa clientela predominantemente muçulmana. Não tem importância se perdermos a marca Franprix. O importante é continuarmos a fazer bons negócios", declarou Abdel Djaiziri ao jornal "Libération".

"Pedimos um certificado para garantir que nossa carne é halal. Isso é incompatível com a venda de carne de porco. Há alguma ilegalidade aí?"

Vários frequentadores do local, entre os quais muçulmanos, disseram ter ficado furiosos com as restrições.

"A França é uma República. Sermos governados por comunidades étnicas ou religiosas não é algo apropriado. Sou contra o sectarismo", disse Badiane M'Baye, um muçulmano que mora na área.

Há cerca de 5 milhões de muçulmanos na França.

 

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