Reuters
11/12/2002 - 18h01

Comitê critica avaliação da inteligência britânica sobre terror

da Reuters, em Londres

Um comitê parlamentar do Reino Unido acusou hoje os serviços de inteligência do país de terem subestimado a ameaça contra alvos britânicos na Indonésia dias antes do atentado contra uma boate em Bali.

O grupo disse que os líderes dos serviços de inteligência sabiam que a rede Al Qaeda estava presente na Indonésia e que grupos militantes estavam debatendo a possibilidade de atacar alvos britânicos ou alvos norte-americanos, incluindo bares turísticos.

Mas na época do ataque de 12 de outubro, que matou quase 200 pessoas, incluindo cerca de 30 britânicos, eles consideravam a ameaça apenas "significante" -palavra usada para designar o terceiro grau de risco, depois de "alta" e "iminente".

"A inteligência registrou a partir de setembro de 2002 que estavam sendo discutidos ataques terroristas contra alvos norte-americanos e britânicos, incluindo boates turísticas", disse o Comitê de Inteligência e Segurança em relatório contundente.

Uma tentativa de ataque com granadas contra uma residência diplomática norte-americana em 23 de setembro, ao lado da possibilidade de atingir alvos com pouca proteção, como boates, além da "relutância pública das autoridades da Indonésia em lidar com o terrorismo" deveriam ter feito soar os alarmes, disse o comitê.

Mas no dia 9 de outubro os serviços de segurança concluíram que não havia necessidade de mudar a classificação de ameaça -apesar de terem advertido que poderiam ocorrer ataques a qualquer momento.

"Existia uma ameaça a turistas ocidentais em Bali; muitos deles costumavam se encontrar em um número limitado de boates", disse o comitê.

"Estes fatos deveriam ter sido reconhecidos pelo serviço de segurança como indicativo de um alvo potencial".

"Foi um sério erro de julgamento e significa que o serviço de segurança não avaliou a ameaça corretamente", disse o texto.

O governo do primeiro-ministro Tony Blair sofreu críticas após os ataques em Bali e o atentado suicida do mês passado em Mombaça por não ter advertido os turistas de maneira adequada sobre os riscos que enfrentavam.

O comitê disse que a advertência do Ministério do Exterior não refletia de maneira precisa a ameaça na Indonésia. O grupo também criticou o formato e disse que a mensagem era confusa.

O secretário do Exterior britânico, Jack Straw, prometeu ao parlamento uma revisão abrangente na maneira como seu departamento prepara as advertências para turistas britânicos.

Mas ele defendeu a equipe do serviço de segurança que produziu a informação, afirmando que eles "precisam fazer bons julgamento com base em informações de inteligência fragmentadas".

O comitê disse que analisou todas informações da inteligência disponível antes das bombas na Indonésia e não viu qualquer uma que "descrevesse ou estivesse diretamente relacionada a qualquer forma de ataque terrorista em Bali ou na época de 12 de outubro".

O ataque não poderia ter sido prevenido a partir das informações de inteligência disponíveis, agregou.

O comitê disse que o volume de informações que o Serviço de Segurança e o Serviço Secreto de Inteligência, conhecidos como MI5 e MI6, respectivamente, precisam analisar desde 11 de setembro do ano passado cresceu dez vezes.

Nas semanas antes do ataque em Bali eles receberam "pelo menos 150 relatórios separados por dia relacionados a atividades terroristas em mais de 20 países".

Leia mais notícias de Mundo
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca