Reuters
11/12/2002 - 20h02

Paramilitares da Colômbia pedem para ONU acompanhar negociações

da Reuters, em Bogotá

O maior grupo paramilitar da Colômbia pediu hoje para a ONU (Organização das Nações Unidas) acompanhar o processo de paz que pretende iniciar com o governo e disse que, apesar de ter sofrido um ataque recente da guerrilha de esquerda, manterá o cessar-fogo.

"Um processo de paz que sem dúvida vai tratar de temas que comprometem interesses da nação e da comunidade internacional requer necessariamente o acompanhamento ativo da Organização das Nações Unidas", disseram as Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC).

"Por esta razão, é nosso sincero desejo poder contar com sua presença como acompanhante e observadora dos compromissos que fizemos com a Colômbia", disse uma declaração do líder paramilitar Carlos Castaño, divulgada na página da Internet do grupo (www.colombialibre.org).

Castaño, ex-soldado do Exército e agora líder de uma organização de 10 mil combatentes que enfrenta a guerrilha de esquerda, enviou a carta a James LeMoyne, delegado da ONU para a Colômbia. Os Estados Unidos acusam Castaño de tráfico de drogas e querem sua extradição.

As AUC declararam cessar-fogo unilateral em 1º de dezembro para tentar estabelecer as bases de um acordo de paz com o governo do presidente Alvaro Uribe que permita a desmobilização de suas tropas.

Os paramilitares são grupos armados ilegais que combatem a guerrilha e seus colaboradores com métodos violentos, e são acusados de contar com apoio de alguns setores das Forças Militares e de cometer massacres e crimes seletivos.

As AUC sofreram uma grave derrota militar no fim de semana, quando mais de uma centena de rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) atacaram uma de suas bases no Departamento (Estado) de Córdoba, no noroeste do país.

De acordo com autoridades militares e habitantes da região, os combates deixaram 30 mortos, sendo 29 das AUC e um das Farc.

Apesar da situação, Castaño esclareceu que manterá sua decisão de cessar-fogo.

"Ainda que a guerrilha tenha aproveitado nossa atitude de paz para atacar nossas tropas, nos vimos obrigados a repelir tais ataques (...), que de maneira alguma violam nosso compromisso de cessar as hostilidades", disse o líder paramilitar.

Além das AUC, consideradas uma organização terrorista pelos Estados Unidos ao lado das Farc e do Exército de Libertação Nacional (ELN), outros dois grupos paramilitares da Colômbia também declararam o fim das hostilidades recentemente.

As medidas foram anunciadas depois de reuniões secretas com o governo intermediadas pela Igreja católica.

Leia mais no especial Colômbia

Leia mais notícias de Mundo
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca