Reuters
12/12/2002 - 19h37

Governo colombiano rejeita pedidos de grupo paramilitar

da Reuters, em Washington

A ministra do Exterior da Colômbia, Carolina Barco, disse hoje que seu governo não concorda com as condições impostas pelos paramilitares para um eventual acordo de paz, mas que a proposta está sendo analisada com "muito cuidado" antes de uma resposta definitiva.

"Sabemos que não concordaremos com os pontos da maneira como foram estabelecidos pelas AUC", disse Barco, em referência às Autodefesas Unidas da Colômbia, o maior grupo paramilitar do país.

A ministra, que está em visita oficial a Washington, agregou que seu governo estudará o assunto com atenção por ser "muito difícil". Ela está participando de um fórum organizado pelo grupo de estudos Diálogo Interamericano.

Os paramilitares declararam cessar-fogo em 1º de dezembro, com o objetivo de negociar um acordo com o governo do presidente Alvaro Uribe.

As AUC, que combatem os grupos guerrilheiros de esquerda, emitiram uma proposta de 12 pontos, como a libertação de seus membros presos, e exigem que o governo "disponha de mecanismos financeiros pertinentes" para sustentar o exército privado ilegal de 10 mil combatentes durante as negociações.

Os Estados Unidos consideram as AUC um grupo terrorista e vários de seus integrantes são acusados de violação aos direitos humanos.

"O presidente criou um grupo para ajudá-lo na tarefa", disse a ministra. "Precisamos ter muito cuidado. Começamos a analisar a proposta há pouco tempo", afirmou.

O governo não anunciou os integrantes do grupo, mas Uribe nomeou Luis Carlos Restrepo como líder das negociações.

As AUC pediram ontem que a ONU atue como mediadora nas negociações. Uribe, que assumiu o governo em agosto, disse que vai dialogar com os grupos armados somente depois que declarem o fim unilateral das hostilidades.

Mas o governo não cortou o contato com os grupos armados e já pediu ajuda da ONU para negociações anteriores com o Exército de Libertação Nacional (ELN) e com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). As negociações com as AUC estão sendo mediadas pela Igreja Católica.

Restrepo, disse a ministra Barco, está em contato com líderes do ELN em Cuba, seguindo a conduta estabelecida pelo governo anterior, de Andrés Pastrana.

"Estas negociações nunca foram rompidas, mas não estão avançando muito bem", afirmou.

Em relação às Farc, principal grupo armado do país, também acusadas de narcotráfico pelos EUA,"encontramos uma posição ainda mais reticente", disse a ministra. "Eles estão esperando para ver a seriedade do governo".

Uribe assumiu uma posição de linha-dura com os grupos armados ilegais, retomando o controle de zonas dominadas pelas guerrilhas.

O enviado especial da ONU James LeMoyne esteve na Colômbia na semana passada para explorar saídas para a guerra interna, que já dura 38 anos e mata cerca de 3.500 pessoas por ano.

"Ele esteve muito envolvido no processo de paz antes, é alguém que sabe como se mover no meio desses grupos e ele vai nos ajudar", disse a ministra colombiana.

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