Reuters
14/12/2002 - 14h55

Irã afirma estar determinado a seguir com programa nuclear

da Reuters, em Teerã

O Irã anunciou hoje que está determinado a resolver seu problema de demanda por eletricidade com energia nuclear, apesar das preocupações dos Estados Unidos, que temem que a tecnologia possa ser usada para fins militares.

Washington, que rotulou o Irã como parte do "eixo do mal", disposto a desenvolver armas de destruição de massa, acusou o país na quinta-feira (12) de construir duas instalações nucleares que poderiam ser usadas para desenvolver armas nucleares.

O Irã negou a acusação e disse que seus planos de construção de reatores nucleares são para uso pacífico de tecnologia nuclear. O país disse que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) foi informada sobre as plantas das usinas em construção e está livre para inspecioná-las.

"Dentro de 20 anos, o Irã produzirá 6.000 megawatts de eletricidade de origem nuclear", disse o ministro do Exterior Kamal Kharrazi à agência de notícias oficial Irna.

Washington questiona que o Irã, por ser o segundo maior exportador de petróleo que integra a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), não precisa de energia nuclear.

Mas o Irã está interessado em evitar que suas valiosas exportações de petróleo sejam derivadas para o mercado doméstico onde os subsídios são muito altos.

A demanda de energia no Irã cresce a taxas de 6,5% ao ano e o país precisa acrescentar 2.500 megawatts a sua capacidade de geração a cada ano, afirmam autoridades do país.

A primeira usina nuclear do Irã, próxima a cidade portuária de Bushehr, no sudoeste do país, deverá começar a gerar energia no final do ano que vem ou no princípio de 2004.

A usina, que deve produzir 1.000 megawatts de energia, está sendo construída com o auxílio da Rússia, apesar do pesado lobby feito pelos EUA em Moscou na tentativa de interromper a construção.

Uma fonte graduada do governo iraniano disse ontem que está neste momento negociando com a Rússia para a construção de várias outras usinas nucleares nos próximos anos.

O Conselho de Energia Atômica do Irã encomendou um estudo de viabilidade sobre a construção de uma segunda usina nuclear com capacidade de 1.000 megawatts, informou a Irna.

Baseada em Viena, a AIEA declarou na última sexta-feira que estava informada sobre o programa de energia nuclear do Irã e que planeja visitar o país em fevereiro para inspecionar as instalações que estiverem em construção.

Kharrazi disse que os inspetores são bem-vindos e negou as acusações norte-americanas de que o país tenta esconder duas usinas nucleares perto das cidades de Natanz e Arak, no centro do país.

"Estamos em contato com a AIEA sobre os dois centros e basicamente não há possibilidade de escondê-los", disse.

Os Estados Unidos e o Irã têm inimizade desde que estudantes radicais invadiram a embaixada dos EUA em Teerã logo após a revolução islâmica no país em 1979 e mantiveram 52 reféns no local por 444 dias.
 

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