Madeleine Albright será testemunha de julgamento em Haia
da Reuters, em HaiaMadeleine Albright, ex-secretária de Estado (chanceler) dos EUA, e Eli Wiesel, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, devem testemunhar nesta semana no julgamento da ex-presidente servo-bósnia Biljana Plavsic.
Albright, Wiesel (sobrevivente do Holocausto), Carl Bildt (ex-enviado da Organização das Nações Unidas aos Bálcãs) e vários sobreviventes da guerra na Bósnia devem dar declarações favoráveis e contrárias à mais alta ex-autoridade a confessar diante do tribunal de Haia (Holanda) sua responsabilidade por atrocidades durante os conflitos, disseram advogados.
Plavsic, 72, confessou em outubro ser culpada de uma das acusações imputadas a ela, a de perseguição. Segundo os advogados dela, a confissão dava mostras "do remorso profundo e incondicional" da ré. Outras acusações foram retiradas e a ex-presidente agora espera pela fixação de sua pena.
A decisão da acusada de admitir sua culpa marcava uma virada nos nove anos de história do tribunal, disse a procuradora geral do órgão, Carla Del Ponte.
"É a primeira vez, na história do tribunal, que uma figura de peso da ex-Iugoslávia, indiciada por um crime importante, confessa sua culpa."
Plavsic, de cabelos brancos, parecia relaxada antes do início da sessão. A ex-presidente vive em liberdade provisória há meses.
Ûnica mulher a ser acusada publicamente pelo tribunal da ONU em Haia, Plavsic tentará convencer os juízes de que está completamente arrependida do que fez.
A ex-professora de biologia declarou-se inicialmente inocente das acusações de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.
Prevê-se que Plavsic diga-se arrependida das matanças, dos abusos sexuais e das deportações de que foram vítimas os moradores da Bósnia que não eram sérvios.
A promotoria deve pedir a prisão perpétua para a ex-dirigente.
Não se marcou ainda uma data para a divulgação da pena.