Reuters
19/12/2002 - 08h13

Justiça peruana atrasa extradição de Fujimori, diz procurador

da Reuters, em Lima

A incapacidade do Poder Judiciário do Peru, e não a rede de corrupção que envolveu o país, está atrasando a extradição do ex-presidente Alberto Fujimori do Japão para que enfrente acusações de responsabilidade no assassinato de 25 pessoas, disse ontem o porcurador anticorrupção Vargas Valdivia.

"Lamentavelmente, isto está nas mãos de ineptos e incompetentes. Mais que uma mão negra, vejo um cérebro obscuro de funcionários incapazes e incompetentes", disse Valdivia.

Reuters - 26.nov.2000
O ex-presidente Alberto Fujimori, refugiado no Japão
O procurador se refiriu à lentidão com que o Poder Judiciário trata o problema de tradução dos documentos do processo de extradição de Fujimori. O ex-presidente governou o país de 1990 a 2000.

Fujimori fugiu para Tóquio abandonando seu cargo, do qual havia sido destituído em novembro de 2000, dois meses depois que seu homem de confiança e chefe de espionagem, Vladimiro Montesinos, detonou o maior escândalo de corrupção da história peruana.

Montesinos está preso há um ano e meio, enfrentanto cerca de cem processos, que vão desde narcotráfico até chacinas. Já Fujimori é requisitado pela Interpol (polícia internacional), com um processo enorme ainda sem tradução e que levou ao atraso de uma decisão sobre sua extradição.

Peru e Japão não têm acordo de extradição, mas o governo do presidente Alejandro Toledo apela ao princípio de reciprocidade do direito internacional, que obriga Estados a extraditar responsáveis por cremes contra a humanidade.

Atraso
No entanto, o problema é a tradução do processo de Fujimori. A Justiça nomeou no sábado (14) Isabel Fukuhara como nova tradutora, que deu um prazo de nove meses e orçamento de 70 mil dólares para fazer o trabalho -o dobro do tempo e de dinheiro apresentados pelo tradutor anterior.

"Há um prejuízo dobrado para o país: primeiro é o tempo, falamos que teríamos a tradução em agosto do próximo ano; depois há um prejuízo econômico, sem contar o dano ao bom nome das instituições do país", disse Vargas.

"No exterior ficamos parecendo uns ineptos, incompetentes", acrescentou.

Fujimori é acusado de ser co-autor de um crime de 1991, quando 15 pessoas foram mortas em um bairro de Lima, incluindo uma criança. Além disso há acusações de sequestro, tortura e assassinato de nove estudantes e de um professor universitário em 1992, cometidos por um esquadrão de morte chamado "Grupo Colina".

"Há provas de que o grupo existiu e que respondeu a uma estratégia de luta contra a subversão liderada por Fujimori", disse o procurador.

 

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