Reuters
23/12/2002 - 17h24

Presidente de Maláui tenta impedir histeria sobre vampiros

da Reuters, em Blantyre (Maláui)

Um rumor bizarro de que o governo de Maláui estaria conspirando com vampiros para coletar sangue humano para agências de assistência internacionais, em troca de comida, levou à erupção de violência no país africano.

O presidente Bakili Muluzi acusou, sem citar nomes, políticos oposicionistas de espalhar as histórias sobre vampiros na tentativa de enfraquecer seu governo, já atingido por protestos políticos e pela falta de comida.

A paranóia em torno dos vampiros tem causado vários ataques contra pessoas supostamente suspeitas de serem sugadores de sangue, apesar dos esforços das autoridades para acabar com o rumor.

Na semana passada, um homem acusado de ajudar vampiros foi apedrejado até a morte e três padres católicos foram espancados por nativos, que suspeitavam que eles fossem "sanguessugas". Ambos os ataques aconteceram na região sul, no distrito cultivador de chá de Thyolo.

Muluzi afirmou em uma entrevista coletiva no sábado (21) que as histórias de vampiros eram maliciosas e irresponsáveis. "Nenhum governo pode chegar ao ponto de sugar o sangue de sua população", disse ele.

Os rumores fizeram aumentar a tensão política no país, um dos dez mais pobres do mundo e onde os protestos já destruíram os esforços de Muluzi para ficar no cargo por mais cinco anos.

Muluzi afirma que os boatos estão afetando também a atividade econômica em quatro distritos do sul, pois os agricultores não saem de casa. O Programa Mundial de Alimentação da Organização das Nações Unidas (ONU) estima que mais de 3 milhões de pessoas precisam de alimentos emergencialmente em Malauí, um dos seis países do sul da África atingidos pela falta de alimentos, por causa da seca.

As histórias sobre vampiros estão circulando há três semanas em Mulanje, Thyolo, Chiradzulu e Blantyre. Muluzi advertiu que qualquer político oposicionista que for visto espalhando rumores será punido.

Isso já aconteceu com legisladores que foram acusados de liderar protestos contra os esforços de Muluzi para mudar a Constituição, o que teria ajudado o presidente a concorrer novamente ao cargo quando seu segundo e último mandato, de cinco anos, terminar, em 2004.

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