Reuters
26/12/2002 - 17h16

Tropas de Israel matam 7 na Cisjordânia e voltam a ocupar Belém

da Reuters, em Belém

Tropas israelenses mataram a tiros sete palestinos em incursões na Cisjordânia e voltaram a ocupar Belém hoje, colocando fim a uma breve pausa na ocupação durante o Natal.

As operações militares provocaram promessas de vingança de grupos de militantes, agravando as tensões na região.

Em Belém, tropas lançaram gás lacrimogêneo contra palestinos que faziam compras, próximo do centro da cidade, ordenando que voltassem para casa, e retomaram as patrulhas na frente da Igreja da Natividade, reverenciada pelos cristãos como o local do nascimento de Jesus.

"O toque de recolher foi reativado pouco tempo atrás, por necessidades operacionais", disse uma fonte militar israelense.

O Exército reocupou Belém um mês atrás, depois que um homem-bomba palestino da cidade explodiu um ônibus perto de Jerusalém, matando 11 israelenses. Por causa de um apelo do papa João Paulo 2º, porém, as forças israelenses voltaram para os limites de Belém na terça-feira (24), a fim de permitir que as cerimônias de Natal acontecessem.

A despeito disso, cristãos palestinos disseram que este foi um de seus mais tristes Natais em Belém. Dois anos de carnificinas deixaram cicatrizes nos peregrinos e turistas, que já lotaram a cidade para o feriado.

Busca por militantes
O retorno a Belém coincidiu com uma busca de militantes em outras cidades da Cisjordânia e locais reocupados pelas forças israelenses, seguindo o rastro de uma série de atentados suicidas ocorridos em junho.

Uma fonte militar israelense chamou as incursões de "operações contra-terroristas", apesar dos apelos de Washington por calma, enquanto os EUA buscam apoio árabe para uma possível guerra contra o Iraque.

"Nós condenamos essa escalada israelense", afirmou o ministro de Gabinete palestino, Saeb Erekat.

Na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, soldados israelenses disfarçados atiraram em um carro, matando Bassem al-Ashqar, do movimento islâmico Hamas, o principal grupo por trás dos atentados suicidas contra israelenses na luta palestina por independência.

Uma fonte militar israelense afirmou que os soldados tentavam deter dois homens procurados em um carro, mas um deles abriu fogo. "Eles revidaram e mataram um deles", afirmou a fonte. De acordo com ela, o segundo fugitivo foi detido.

Testemunhas afirmaram que os soldados também atiraram em um garoto de 19 anos que estava perto.

Mais cedo, soldados israelenses mataram um militante da Jihad Islâmica em uma incursão perto de Jenin, no norte da Cisjordânia.

O Exército de Israel afirmou que os soldados cercaram uma casa na vila de Qabatiya e mataram a tiros Hamza Abu Roub, 35, em um confronto em que quatro soldados foram feridos.

Abu Roub é descrito pelo Exército como o líder local da Jihad Islâmica, que organizou atentados suicidas e outros ataques a israelenses em 27 meses de violência.

"Nossos militares e atiradores vão se vingar desse crime", disse Sheikh Abdallah al-Shami, membro da Jihad Islâmica, em Gaza.

Tiroteio em Nablus
Segundo o Exército de Israel, soldados mataram dois atiradores palestinos em um tiroteio no centro de Nablus, cidade do norte da Cisjordânia. Segundo fontes hospitalares, 20 pessoas ficaram feridas.

Na cidade de Tulkarm, uma unidade israelense disfarçada matou Jamal Nader Mohammad Yahya, membro da facção Fatah, do líder palestino Iasser Arafat, na frente de sua casa.

Pelo menos 1.745 palestinos e 671 israelenses morreram desde que os palestinos lançaram a Intifada -levante contra a ocupação israelense-, em setembro de 2000.

Leia mais notícias de Mundo
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca