Reuters
07/01/2003 - 20h09

"A Casa das Sete Mulheres" aposta em sensualidade e batalhas

da Reuters, em Porto Alegre

A minissérie "A Casa das Sete Mulheres" estréia na Rede Globo nesta terça-feira e mescla amor, guerra, realidade e ficção para narrar a Revolução Farroupilha de 1835.

Adaptação do romance homônimo da escritora gaúcha Letícia Wierchowzki, a série produzida por Maria Adelaide Amaral e Walther Negrão, vai mostrar em 52 capítulos a batalha que pretendia separar o Sul do restante do país.

Num cenário que remonta o Rio Grande do Sul de meados do século 19, essa superprodução conta com Thiago Lacerda no papel do revolucionário italiano Guiseppe Garibaldi e Giovanna Antonelli como Anita Garibaldi.

No elenco, sob direção de Jayme Monjardim, estão também Daniela Escobar, Camila Morgado, Eliane Giardini, Dado Dolabella, Dalton Vigh, José de Abreu, Marcelo Novaes, Mariana Ximenes e Nívea Maria.

A sensualidade é um dos pontos fortes da série. De acordo com informações da própria emissora, já nesta terça-feira irá ao ar uma cena em que Mariana Ximenes e Amanda Lee se refrescam numa cachoeira enquanto são observadas por soldados imperiais. Todo esse erotismo vem misturado a cenas dignas de um roteiro de ação, com passagens de muito sangue e morte.

Apesar de não ter acompanhado a produção da minissérie, Letícia Wierchowzki, 30, que recebeu cerca de 20 mil reais para ter seu livro adaptado, está otimista especialmente com a repercussão de sua obra.

"A Casa das Sete Mulheres", que levou um mês para ser escrito, já está em sua quarta edição pela Editora Record e é o primeiro trabalho da escritora que consegue atravessar as fronteiras do Rio Grande do Sul - ela já conta com quatro publicações no currículo.

"O dinheiro da Globo não foi muito e podem achar 'A Casa das Sete Mulheres' literatura menor. O que importa é que o livro e a minissérie vão abrir as portas de todo o país para a minha obra", afirmou Letícia.

Visão feminina

Esta não é a primeira vez que a revolução serve de pano de fundo a uma superprodução da Globo. "O Tempo e o Vento", épico de Érico Veríssimo sobre a colonização do Rio Grande do Sul e a batalha deflagrada pelos gaúchos contra o Império já havia rendido uma minissérie dirigida por Paulo José.

O que chega à televisão, desta vez, são fatos históricos misturados às aventuras ficcionais de sete mulheres da família do líder revolucionário Bento Gonçalves, que são exiladas por ele numa fazenda, distante dos conflitos.

Será nessa casa que irá se desenrolar a história de três gerações da mesma família, que estarão eternamente confusas dentro daquele espaço criado sem nenhuma lógica.

"Essas mulheres ficaram esperando, entre idas e vindas, nascimentos, mortes e casamentos, cerca de dez anos até que a guerra acabasse", disse Letícia.

Para escrever o romance, a autora fez uma detalhada pesquisa à procura de acontecimentos reais da vida dessas mulheres durante o período em que ficaram confinadas na estância.

No entanto, a falta de documentos que registrassem suas histórias acabou fazendo com que ela optasse por criar passagens puramente ficcionais.

"Criei também personagens que orbitavam em torno da casa, parentes, amigos, etc.", disse a escritora, acrescentando que os fatos históricos da revolução, no entanto, foram respeitados.

Embora centrado nos personagens femininos, o livro não dispensa a importância dos homens na história, ressaltando que a guerra foi masculina e trazendo à tona batalhas sanguinárias.

Na minissérie, Thiago Lacerda volta com o sotaque de "Terra Nostra" para viver o papel de Giuseppe Garibaldi, o revolucionário romântico que seduz Manuela, sobrinha de Bento Gonçalves.

No entanto, ele some antes mesmo do fim da produção, depois de seguir em batalha para Santa Catarina, onde conhece seu verdadeiro amor, Anita.

Bento Gonçalves será interpretado pelo gaúcho Werner Sch nemann, que faz sua estréia na TV. Manuela ficará a cargo de Camila Morgado, aposta do diretor Jayme Monjardim para liderar o elenco feminino.

Como a minissérie termina nem a autora do livro sabe, já que o contrato com a Globo não permite qualquer ingerência de Letícia na adaptação.

Porém, na vida real e no livro, Manuela morre aos 87 anos, solteira e louca à espera de Garibaldi, que já estava envolvido em outras lutas na Itália.

Bento Gonçalves morre de infecção pulmonar dois anos depois da rendição dos farrapos, que pôs fim a uma década de batalhas.
 

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