Reuters
08/01/2003 - 18h18

Disputa presidencial na Argentina ainda é incógnita

da Reuters, em Buenos Aires

Apenas três meses antes das eleições presidenciais da Argentina, os cartazes de candidatos são esparsos e as propagandas na TV, raras. Os argentinos, fatigados com a crise, perguntam-se se a data da votação será transferida novamente.

Não há favoritos entre os muitos presidenciáveis para a eleição de 27 de abril. Os peronistas, que estão no poder e têm a maior chance de vitória, não conseguiram nem ao menos escolher um candidato, por causa de uma rixa entre dois figurões do partido -o presidente que sai, Eduardo Duhalde, e seu arqui-rival, o ex-presidente Carlos Menem.

A mistura de ceticismo entre os eleitores, disputas internas nos partidos e crise econômica pode produzir um presidente sem força política para liderar a saída do país de 36 milhões de habitantes de sua pior recessão.

"Há a impressão de que o próximo presidente será politicamente fraco, mas que, ao mesmo tempo, terá uma enorme e complicada agenda, a de um país em crise", afirmou o analista político Enrique Zuleta.

Duhalde foi nomeado líder temporário em janeiro do ano passado, depois que quatro presidentes deixaram o posto em duas semanas. Ele queria uma transição tranquila, para ajudar o país na recuperação de uma recessão econômica que espalhou o temor de uma revolta civil pior do que os saques a supermercados do ano passado, durante os quais 27 pessoas foram mortas.

"Em um país que marca a data de uma eleição, suspendê-la significaria virar motivo de zombaria internacional", afirmou Duhalde esta semana, a respeito dos rumores de adiamento das eleições.

Duhalde havia antecipado as eleições do fim de 2003 para março, para ajudar a colocar fim aos protestos de rua contra seu governo. Em seguida, teve de adiar a data por um mês, para abril, porque as disputas internas dos partidos levaram à suspensão das primárias.

Nenhum favorito
As pesquisas argentinas mostram que três peronistas -o ex-governador de San Luis e populista Adolfo Rodriguez Saá, o governador de Santa Cruz Nestor Kirchner, de centro, e Menem- disputam o primeiro lugar com a parlamentar anticorrupção de oposição Elisa Carrio.

O voto é obrigatório, mas as pesquisas mostram que muitos argentinos podem não votar em nenhum candidato. Kirchner é relativamente desconhecido e Rodriguez Saá foi presidente por uma semana, antes de Duhalde assumir.

Esses presidenciáveis têm apenas 12% a 15% de intenções de voto, em meio ao descrédito que os políticos enfrentam, após os quatro anos de recessão que levaram uma em cada duas pessoas à pobreza no país.

Com a disputa acirrada, a decisão pode ficar entre dois presidenciáveis que, juntos, deverão angariar apenas um terço dos votos no primeiro turno.

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