Reuters
09/01/2003 - 09h58

Financiamento ilegal faz Likud despencar nas pesquisas

da Reuters, em Jerusalém

Um escândalo envolvendo o primeiro-ministro Ariel Sharon fez a popularidade de seu partido, o Likud, desabar a 19 dias das eleições, segundo pesquisa publicada hoje.

Sharon reagiu tomando a ofensiva e chamando de "difamação política desprezível" a denúncia de que teria recebido um empréstimo ilegal de US$ 1,5 milhão de um empresário sul-africano e em seguida mentido à polícia a respeito.

"Quem quer que esteja disseminando essa calúnia tem um só objetivo -derrubar o primeiro-ministro", afirmou ontem, nos seus primeiros comentários sobre o "Sharongate".

Mas a ausência de detalhes na defesa levou analistas a dizer que a explicação pode ampliar a indignação do público. O gabinete prometeu novas declarações de Sharon para hoje.

"Sharon precisa apresentar um discurso confiável, emocionado e preciso, pois do contrário o Likud vai continuar a cair", afirmou o veterano analista político Hanan Krystal à Rádio Israel.

Segundo a pesquisa publicada no jornal "Ha'aretz", a disputa, antes folgadamente liderada pelo Likud, agora está quase empatada. Se a eleição fosse hoje, o Likud conseguiria apenas 27 das 120 cadeiras no Parlamento -há uma semana o partido conseguiria 31, já abaixo das 41 vagas previstas em levantamentos anteriores.

Pelas pesquisas publicadas nos jornais "Maariv" e "Yedioth Ahronoth", o Likud conseguiria respectivamente 30 e 28 cadeiras. Numa alteração do cenário das últimas semanas, a vitória de Sharon já não é segura, e mesmo caso aconteça virá acompanhada de dificuldades na montagem de uma nova coalizão.

A crise na candidatura de Sharon à reeleição beneficiaria principalmente a oposição trabalhista, de centro-esquerda, mas também o Shinui, de centro, e o Shas, ligado a judeus ortodoxos.

Mas, apesar dos problemas de Sharon, o Partido Trabalhista, liderado pelo ex-general e pacifista Amram Mitzna, não parece estar conquistando votos. As últimas pesquisas apontam que o partido deverá ficar com entre 22 e 24 cadeiras do Parlamento.

O apoio ao Likud começou a cair em dezembro, após a descoberta de que membros do partido compraram votos nas eleições primárias ocorridas daquele mês, garantindo a candidatura a deputado de figuras pouco conhecidas.

"Não há dúvida de que os episódios das últimas duas semanas trabalharam em detrimento do Likud", admitiu o prefeito de Jerusalém, Ehud Olmert, coordenador da campanha do partido.

O primeiro-ministro é acusado de irregularidades na campanha de 1999, já que a lei israelense proíbe doações eleitorais do exterior. O dinheiro do empresário sul-africano teria sido dado como garantia de um empréstimo, usado para cobrir doações ilegais. Sharon disse à polícia ter pagado esse valor com a hipoteca de uma chácara.

A Justiça, a polícia e o serviço secreto estão investigando as acusações, reveladas pelo "Ha'aretz", e que incluem também os dois filhos do primeiro-ministro. Mas o procurador-geral Eliyakim Rubinstein disse que o trabalho não será concluído antes das eleições.

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