Reuters
09/01/2003 - 14h54

Napoleão Bonaparte será julgado em Veneza

da Reuters, em Roma

Cerca de 200 anos depois de conquistar Veneza, Napoleão Bonaparte enfrentará um julgamento na cidade sob acusação de roubo de tesouros artísticos, entre outros crimes.

Um grupo de venezianos está criando um julgamento "de mentirinha" como parte de uma campanha para impedir que uma estátua do imperador francês seja exibida em um museu na Praça São Marcos, no coração de Veneza.

"Sim, Napoleão desempenhou um papel na história da cidade. Assim como (o ditador fascista Benito) Mussolini. Devemos erigir uma estátua dele em um museu também?", indagou o advogado Mario d'Elia, que está organizando o julgamento.

A estátua de mármore de 2,5 metros, de autoria de Domenico Banti, representa Napoleão musculoso e de peito exposto, estendendo sua mão direita e segurando um globo com a mão esquerda.

Encomendada por comerciantes que queriam homenagear Napoleão por abrir os portos da cidade ao comércio de zona franca, ficou na Praça de São Marcos de 1811 a 1814, ano em que Veneza caiu sob o império austríaco e a escultura foi removida para a ilha de São Jorge Maior.

Desaparecida por séculos, foi reencontrada em um leilão da Sotheby's em Nova York, no ano passado, e comprada por uma associação francesa que levanta verbas para Veneza e pela fundação cultural de um banco veneziano.

Mas o retorno da estátua à Veneza está causando polêmica.

"Seria o mesmo que colocar uma estátua em homenagem à Nelson no Museu Louvre de Paris", disse D'Elia, um dos venezianos que considera Napoleão como um tirano que conquistou, destruiu e saqueou a cidade. O almirante inglês Horatio Nelson derrotou a França em várias batalhas na época de Napoleão.

Os defensores da estátua dizem que Napoleão derrubou uma aristocracia arcaica e instaurou um regime mais liberal, e roubou obras de arte privadas para colocá-las em museus públicos.

O julgamento está marcado para março.

 

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