Reuters
10/01/2003 - 11h32

China rejeita importação de soja brasileira

da Reuters, em Xangai

A China rejeitou hoje o pedido do Brasil, o segundo maior produtor de soja do mundo, de exportar o produto para o país asiático.

"Rejeitamos o pedido porque parte dele não está de acordo com nosso critério", disse uma autoridade do Ministério de Alimentos Geneticamente Modificados, sem dar mais detalhes.

Na segunda-feira (6), a China emitiu uma permissão de exportação de transgênicos para a Argentina, mas não para o Brasil, criando no mercado preocupações de que a soja brasileira apresentaria problemas.

A China pede documentos que certifiquem a segurança de alimentos biologicamente alterados. O governo brasileiro não permite a prática, mas alguns produtores --principalmente nas proximidades da fronteira com a Argentina-- têm plantado transgênicos.

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a China precisa de 14 milhões de toneladas por ano de soja. Já foi aprovada a importação dos Estados Unidos e da Argentina, os quais, ao lado do Brasil, formam a tríade dos maiores produtores mundiais do grão.

"Não acreditamos que o governo chinês vai realmente manter os grãos brasileiros distantes por muito tempo", disse um empresário norte-americano, que preferiu não se identificar. "Isso pode ser uma tática de negociação", afirmou. "O governo chinês quer outras concessões do governo brasileiro em outras áreas."

A China, o segundo maior produtor de milho do mundo depois de os Estados Unidos, não faz segredos que deseja explorar novos mercados de exportação, depois da grande colheita registrada no ano passado. O país asiático exportou cerca de 11 milhões de toneladas de milho em 2002 para diversas parte do mundo.

Por outro lado, o Brasil produziu pouco milho no ano passado e está estudando a importação da China pela primeira vez. O governo brasileiro não permite a importação de alimentos transgênicos, o que dificulta a negociação com Argentina e Estados Unidos.

"Podemos precisar importar milho em agosto ou setembro, então a China pode ser o principal contribuidor", disse Renato Amorim, chefe do setor econômico da embaixada brasileira em Pequim. "Não há motivo para a exportação ao Brasil agora porque a época da colheita começa em três semanas."

Apesar de oficiais de ambos os países negarem que os dois assuntos estão ligados, especialistas dizem que o Brasil teria indicado a compra do milho chinês caso Pequim fosse mais flexível com a certificação da soja.

"Talvez a China tenha de importar soja brasileira para então o Brasil importar milho chinês como um gesto de boa-vontade", disse um representante do Grupo de Grãos Jilim, um dos dois exportadores chineses autorizados de milho.
 

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