Reuters
16/01/2003 - 02h45

Uribe defende uso de força militar dos EUA para atacar narcotráfico

da Reuters, em Bogotá

O presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, sugeriu, em entrevista à agência de notícias Reuters, que os EUA deveriam empregar no combate ao tráfico de drogas a mesma força militar que se prepara para usar contra o Iraque.

"Estou vendo a escalada do envio de tropas norte-americanas ao golfo Pérsico. Quando eles [os EUA] tiverem resolvido esse problema, poderiam nos ajudar, com uma disposição de tropas equivalente no Atlântico e no Pacífico, a pôr um fim no fluxo de drogas", disse.

Uribe assumiu o poder na Colômbia, maior produtor mundial de cocaína, em agosto passado com a promessa de reprimir o tráfico de drogas e lutar contra os grupos rebeldes do país.

A Colômbia recebeu cerca de US$ 2 bilhões dos americanos nos últimos anos para combater atividades ligadas ao narcotráfico. O país produz cerca de 80% da cocaína mundial, e os EUA são o principal mercado consumidor.

Uribe cobrou dos EUA a retomada dos vôos de monitoramento de aviões utilizados pelo narcotráfico. "Precisamos saturar o Caribe, o Pacífico e o espaço aéreo de maneira a impedir que um simples grama de cocaína ou de heroína saia da região", disse.

Os vôos de monitoramento foram interrompidos em 2001 quando um avião da Força Aérea peruana derrubou uma pequena aeronave que supostamente estaria traficando drogas, mas que, na realidade, transportava missionários americanos. Os EUA assumiram parte da responsabilidade pelo episódio.

Uribe também quer ajuda dos EUA para combater os grupos armados colombianos (guerrilhas de esquerda e paramilitares de direita), financiados, ao menos em parte, pelo narcotráfico.

"Grupos violentos financiados pelas drogas serão, a longo prazo, mais perigosos do que o atual governo do Iraque. Representam uma ameaça ainda maior para a humanidade", afirmou Uribe, 50.

Durante o governo Clinton, os EUA destinaram recursos para a Colômbia combater o narcotráfico, mas com a condição de que não fossem usados contra os grupos rebeldes. O motivo é que os EUA preferiram não interferir no conflito interno do país, inclusive porque havia um processo de paz em andamento. O presidente George W. Bush já deu indícios de que poderá rever essa decisão.

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