Reuters
19/01/2003 - 10h45

Novo protesto em Caracas pede a renúncia de Chávez

da Reuters, em Caracas (Venezuela)

Mais de 100 mil opositores do presidente venezuelano, Hugo Chávez, fizeram ontem uma passeata em Caracas, depois de ele ter ameaçado abandonar as negociações que têm intuito de dar fim à crise no quinto maior produtor de petróleo do mundo.

Munida de bandeiras, tochas e tocando tambores, a enorme manifestação noturna serpenteou através da parte leste da capital, onde os manifestantes fecharam uma estrada importante, exigindo que Chávez renuncie e antecipe as eleições.

"Essas tochas mostram os caminho para a queda desse regime", disse Rafael Narvaez, representante da aliança de oposição Coordenação Democrática.

Anteriormente, Chávez havia dito que o governo poderia abandonar as negociações, mediadas por César Gaviria, secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), apesar de a comunidade internacional unir esforços para acabar com o impasse no país.

As negociações têm como objetivo dar fim ao conflito por trás de uma greve de oposição que já dura 48 dias e que paralisou a produção de petróleo da Venezuela, deixando os mercados internacionais, já preocupados com a possível guerra dos EUA contra o Iraque, ainda mais nervosos.

Chávez chamou seus opositores de "terroristas e fascistas" e disse que não há possibilidade de negociação com os líderes da greve. Chávez recusa-se a renunciar ou a antecipar as eleições.

"Nós do governo [...] estamos considerando a possibilidade de retirar nossa equipe da mesa de negociação porque há sinais de que não há vontade de escolher um caminho democrático", disse o presidente.

Líderes de oposição, que acusam Chávez de governar como um ditador e culpam o caos econômico a seu governo populista, disseram que as negociações comandadas pela OEA são a única solução possível para a crise. Segundo eles, a greve continua até a renúncia de Chávez.

Outra exigência da oposição é que haja um plebiscito a respeito do governo de Chávez no dia 2 de fevereiro. Mas o presidente diz que é preciso esperar até agosto, quando a Constituição permite a realização de tal plebiscito a respeito de seu mandato.

"Chávez está tentando se safar, mas está encurralado. Tenta impedir qualquer iniciativa internacional para ajudar a Venezuela", disse Manuel Cova, negociador da oposição.

Negociação
Chávez, que foi eleito em 1998 e sobreviveu a um golpe no ano passado, disse que seu governo decidiria durante o fim de semana se permanece na mesa de negociação ou não. Disse ainda que poderia discutir a situação com representantes "democráticos" da oposição, que não fossem "fomentadores de golpes".

O líder venezuelano, que ensaiou um golpe seis anos antes de ser eleito, visitou o Brasil ontem para se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e conversar a respeito do apoio internacional às negociações da OEA.

Nesta semana, líderes regionais criaram um "grupo de amigos" de seis países (Brasil, Chile, Espanha, EUA, México e Portugal) para colaborar com os esforços da OEA. Chávez, em conversa com o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, disse que gostaria de ver incluídos no grupo países como China, Rússia e França.

Voltando do Brasil, Chávez declarou, em Caracas: "Daremos a Lula e a seu governo nosso voto de confiança para que forme esse grupo e ajude a Venezuela."

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