Reuters
22/06/2001 - 20h20

Soldados mirins de Ruanda voltam para casa

da Reuters, em Gisenyi (Ruanda)

Centenas de soldados mirins ruandeses reencontraram seus pais esta semana, dias depois do Exército salvá-los durante uma luta entre os meninos e os rebeldes que eram seus captores.

Descalços, magérrimos e traumatizados, cerca de 600 adolescentes foram levados a um estádio na cidade de Gisenyi, no noroeste do país, onde mães, chorando de alegria, abraçaram seus filhos que já tinham dado como mortos há muito tempo.

O Exército de Ruanda, também acusado de recrutar crianças, encontrou os garotos durante choques com rebeldes da etnia hutu que, em meados de maio, lançaram uma grande ofensiva a partir da vizinha República Democrática do Congo.

Oficiais do Exército disseram que repeliram o ataque, liderado por extremistas hutus que fugiram para o Congo depois de massacrar 800 mil integrantes de minoria tutsi e moderados hutus no genocídio de 1994 em Ruanda.

Ensinados a odiar o Exército, dominado por tutsis _a quem os rebeldes apelidam de "baratas"_, os garotos muitas vezes se surpreenderam ao ser poupados por seus captores.

"Nossos comandantes nos disseram que, se fôssemos capturados, os 'baratas' nos matariam imediatamente", disse Twizeyimana, 13 anos, recrutado no ano passado pelos rebeldes.

Os meninos vão passar quatro dias em casa e depois participarão de "acampamentos de solidariedade", onde o governo, dominado por tutsis, disse que os instrutores vão procurar reintegrá-los à sociedade.

Esta semana a Anistia Internacional publicou um relatório acusando o Exército de Ruanda, seus aliados rebeldes e várias milícias que operam no Congo de recrutar soldados mirins.

Ruanda, com o apoio de Uganda e do Burundi, invadiu a República Democrática do Congo em 1998 para neutralizar a ameaça a sua segurança representada pelos rebeldes. O conflito, conhecido como a "1ª Guerra Mundial Africana", agravou-se quando Zimbábue, Angola e Namíbia intervieram também, tomando o partido do governo congolês.
 

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