Reuters
31/01/2003 - 21h02

Colômbia não aceita exigências para libertação de jornalistas

da Reuters, em Três Esquinas (Colômbia)

O presidente colombiano Álvaro Uribe lançou dúvidas sobre a libertação de uma repórter britânica e um fotógrafo norte-americano que estão em poder dos rebeldes ao declarar, hoje, que se recusa a atender às exigências do grupo marxista, que pede ao governo que suspenda ataques militares durante a soltura dos reféns.

O líder linha-dura disse que o recuo de suas tropas enviaria uma "mensagem contraditória" à população e classificou a entrega dos reféns em Arauca como um "show" idealizado para melhorar a imagem do Exército da Liberação Nacional (ELN).

"O ELN deveria libertar os jornalistas sem transformar Arauca em um espetáculo dramático. Se o governo corroborar a encenação, vai transmitir uma mensagem contraditória ao povo e desanimar os soldados", disse Uribe, que teve o pai morto por rebeldes de esquerda.

"Por esta razão, por mais que lamentemos o sequestro dos jornalistas, e por mais que desejemos que sejam soltos, o governo decidiu dar continuidade a suas ações em Arauca, para não afetar o ânimo das tropas", ele declarou na base militar de Três Esquinas, no sudeste da Colômbia.

A repórter britânica Ruth Morris e o fotógrafo norte-americano Scott Dalton foram sequestrados no dia 21 de janeiro, em uma estrada rural na província de Arauca, enquanto faziam uma reportagem free-lance para o jornal americano "Los Angeles Times".

O exército rebelde de cinco mil homens informou nesta semana, por meio de um comunicado, que pretendia soltar os jornalistas, "sãos e salvos", em breve, se o presidente e os militares não tentassem libertá-los por força. Também exigiu que uma comissão de altos funcionários do governo estivesse presente durante a libertação.

Depois do discurso de Uribe, um dos possíveis membros da tal comissão, Jaime Bernal, ex-procurador público, afirmou que a situação era "delicada". Ele não viajou para Arauca.

A Colômbia, que vive quatro décadas de guerrilhas, é um dos lugares mais perigosos para repórteres -só no ano passado, oito jornalistas foram mortos no país.

Para Uribe, o sequestro de Morris e Dalton não passa de uma tentativa rebelde de ganhar pontos no exterior ao encenar o espetáculo da libertação.

"Quando sequestram repórteres internacionais e percebem que levantaram interesse internacional, fazem de tudo para parecer observadores de bom coração que respeitam os direitos humanos", declarou o presidente. "Não tomam a mesma atitude quando capturam pessoas locais de classe média".

O ELN sequestra centenas de pessoas a cada ano em troca de resgates que financiam sua guerrilha, mas parece não haver interesse financeiro no caso de Morris e Dalton. Segundo o motorista que os conduzia, os estrangeiros foram pegos em um bloqueio de estrada, tiveram os olhos vendados e foram levados para um acampamento secreto -o motorista foi solto em seguida.

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