Reuters
03/02/2003 - 18h07

Festival de Berlim diminui, mas mantém o brilho

da Reuters, em Berlim

De Chicago a Nova York em 11 dias, passando por 46 países, chegando ao espaço sideral.

É o que promete o Festival de Cinema de Berlim, ou Berlinale, quando for inaugurado na quinta-feira ao som da música-tema de "O Show Deve Continuar" e com a exibição da versão cinematográfica do musical "Chicago", da Broadway.

Até a noite de gala com "Gangues de Nova York", de Martin Scorsese, a Berlinale, um dos mais importantes festivais do cinema mundial, exibirá cerca de 300 filmes e oferecerá a presença de celebridades como Anouk Aimée e Catherine Zeta-Jones.

O festival encurtou em um dia e terá quase cem filmes a menos do que suas edições anteriores, uma vez que o orçamento encolheu. Mas o diretor do evento, Dieter Kosslick, disse que o espetáculo não será menor.

Os filmes escolhidos para a abertura e fechamento são produções mais caras do que as do ano passado, e os organizadores estão orgulhosos por "Chicago" e "The Hours", os grandes vencedores do Globo de Ouro deste ano.

"The Hours", dirigido por Stephen Daldry, de "Billy Elliot", é um dos 22 filmes concorrendo pelo cobiçado Urso de Ouro e reúne as estrelas Meryl Streep, Julianne Moore e Nicole Kidman -esta até usou um nariz postiço para atuar como a escritora Virginia Woolf.

Kosslick espera que o festival tenha muitos astros. "Não podemos dizer quem vem até que eles caminhem pelo tapete vermelho. No entanto, posso dizer que este será um festival cheio de astros."

"Chicago" oferece a perspectiva de Richard Gere, Rene Zellweger e Zeta-Jones.

Na competição, os convidados em potencial incluem Nicolas Cage ("Adaptação"), Edward Norton ("The 25th Hour") e a dupla Kevin Spacey e Kate Winslet ("The Life of David Gale").

Clooney duas vezes

O filme francês "Petites Coupures" conta com Daniel Auteuil e Kristin Scott Thomas, enquanto George Clooney poderá comparecer para prestigiar o drama "Solaris", de Steven Soderbergh, ou "Confessions of a Dangerous Mind", dirigido por ele mesmo.

Kosslick também prometeu destaque para os curtas, categoria que terá seu próprio Urso de Ouro pela primeira vez. O filme brasileiro "Plano-Sequência", de Patrícia Moran, concorre nessa seção.

Entre as outras produções brasileiras que serão exibidas, fora de competição, encontram-se os longas "Amarelo Manga", de Cláudio Assis, "O Homem do Ano", de José Henrique Fonseca, "Rua Seis, Sem Número", de João Batista de Andrade, e o curta "O Céu de Iracema", de Iziane Filgueiras Mascarenhas.

Também fora de competição, os filmes israelenses ganharam destaque e há uma mostra dedicada ao novo cinema russo.

Os longas antigos não ficaram de fora: foi organizada uma mostra retrospectiva para o diretor japonês Yasujiro Ozu, celebrando cem anos de seu nascimento, e a atriz francesa Anouk Aimée receberá uma homenagem pelo conjunto da carreira.

Fãs do diretor alemão Friedrich Wilhelm Murnau poderão ver vários de seus filmes mudos dos anos 1920, incluindo o clássico "Nosferatu".

O júri, presidido pelo diretor canadense Atom Egoyan, vai decidir pelo vencedor do festival no sábado, dia 15 de fevereiro. No ano passado, "Domingo Sangrento", de Paul Greengrass, sobre o massacre na Irlanda do Norte em 1972, e o filme de animação "A Viagem de Chihiro", de Hayao Miyazaki, dividiram a estatueta de melhor filme.

Esta será a 53ª Berlinale, que percorreu um longo caminho desde que as três forças aliadas na Alemanha Ocidental -Estados Unidos, Grã-Bretanha e França- lançaram o evento em 1951 para reanimar a cultura alemã e promover a cidade como uma janela para o mundo livre.

Mesmo com as mudanças, a idéia original de reunir diferentes estilos de cinema e culturas variadas continua, reforçada este ano pela ênfase na questão da imigração e no lema de "mais tolerância".

"Por um lado, mostramos entretenimento inteligente. Por outro, é um programa engajado politicamente, incluindo um olhar ao mundo dos refugiados, pessoas que vivem em situações sociais difíceis", disse Kosslick.

A Berlinale só fica atrás de Veneza entre os festivais europeus, mas atrai um público de fãs de cinema maior do que a mostra italiana.
 

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