Reuters
04/02/2003 - 12h58

Fashion Rio começa com ar de Oriente e homenagens

da Reuters, no Rio de Janeiro

O primeiro dia de desfiles do Fashion Rio, na segunda-feira, decretou como tendência a inspiração oriental. Nas mais variadas coleções apareceram detalhes inspirados no Japão e na China, desde o óbvio quimono aos casacos e bonés em estilo Mao Tse Tung.

O sucesso da estréia da semana de moda carioca, porém, foi o ator de "Cidade de Deus", Jonathan Haagensen, aplaudidíssimo em sua única entrada no desfile da marca TNG.

Além dele, roubaram as atenções a inauguração da primeira Bolsa de Negócios de Moda da América Latina, o Fashion Business, que reúne 80 expositores e 360 compradores, além de uma exposição que reverencia Maria Cândida Sarmento, a estilista e criadora da grife Maria Bonita, morta no final do ano passado.

Famosos como Luiza Brunet, Adriana Calcanhotto e Betty Lago se encontram em um lounge com painéis do fotógrafo Daniel Klajmic, que registrou a top Ana Claudia Michels em peças da última coleção assinada por Maria Cândido e na qual permanece o conceito casual chique que consagrou a estilista.

Casa Canadá e leveza

A exaltação à década de 1950 e uma homenagem à Casa Canadá marcaram o desfile da Sta. Ephigênia, da dupla de estilistas Luciano Canale e Marco Maia.

Comandada por Dona Mena Fiala, a Casa Canadá foi um símbolo da moda brasileira nos anos 40, 50 e 60 e lançou nomes como Ilka Soares e Adalgisa Colombo, que estiveram na primeira fila da Sta. Ephigênia.

Luciano Canale e Marco Maia revisitaram o padrão de elegância que a Casa Canadá costumava importar da França, mesclando tecidos como cetim fosco, veludo molhado, tules bordadas, muita transparência e pitadas de inspiração oriental nos plissados.

As roupas teatrais, ícones da grife, foram representadas por vestidos de alta costura com plissados, golas altas e armadas e muitos recortes. "Fantástico, feminino, sensual, bem cortado", disse Adalgisa Colombo.

Mara Mac demonstrou o óbvio no desfile da Mariazinha: não vale a pena fazer uma coleção pesada para o inverno brasileiro. Assim, a moda urbana veio ideal para um friozinho de beira de praia.

Macacões pretos com rasgos mostrando nesgas vermelhas como sangue atraíram a atenção da platéia. Bolsas atravessadas, imitando o estilo carteiro, apareceram em couro marrom escuro acompanhando calças e camisas de gola rolê. Casacos de camurça combinados com saias de cetim traduziram uma urbanidade feminina.

Aqui a inspiração no Oriente também é refletida nas mangas japonesas, sapatilhas baixas e cinturas marcadas como nos quimonos das gueixas.

Patchworks e VIPs

O contraponto entre cetins e tramas rústicas foi a linha apresentada pela mineira Graça Ottoni. Como em coleções anteriores, ela apostou alto nos patchworks e mostrou alguns tricôs em forma de xales e echarpes, além da mescla de estampas de cashmere nas tonalidades lilás, azul e dourado.

Por baixo de túnicas e jaquetas de seda, as modelos apresentaram leggings de gaze que diminuíram parte do brilho acetinado.

A estilista sugeriu para o outono-inverno uma combinação ousada de cinza escuro -nas pantalonas em seda amassada- com peças em marrom-café. As calças, excetuando os leggings, tinham detalhes bordados nas barras.

A produtora de moda Fernanda Cortez aprovou. "Foram peças interessantes, as de patchwork, as com flores aplicadas. Gostei muito da sandália baixa, tipo romana, em verniz preto", explicou.

A TNG encerrou a noite de desfiles com a mais longa apresentação e com uma platéia recheada de vips como Regina Casé, Felipe Velloso, o DJ Zé Pedro e o garoto-propaganda da C&A, Sebastian.

Todos pararam para assistir à apresentação encenada sobre uma passarela travestida de ponte de tábuas com cordas. A idéia era resgatar o clima da expedição do Barão de Langsdorff no Brasil, ocorrida em 1819, e que inspirou toda a coleção.

Com uma música barulhenta ao fundo, homens e mulheres com gorros de pele e maquiagem gélida apresentaram calças jeans com aspecto sujo, misturando denim lavado com tons de marrom e bege, além de vestidos cor-de-rosa esmaecido com aparência de empoeirado, calças-cargo e suéteres de malha.

Tudo muito básico como convém à prática de esportes de aventura. Para conferir maior sofisticação, algumas peças surgiram em cetins marrom e bege perolado. Mas, mais do que as roupas, Jonathan Haagensen foi a estrela do desfile, sem camisa, de cachecol e calça jeans.
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca