Reuters
06/02/2003 - 21h06

Músicos e empresários ficam surpresos com o fim da Abril Music

da Reuters, no Rio de Janeiro

Músicos e empresários se mostraram surpresos hoje com o fim da gravadora Abril Music, anunciado pelo Grupo Abril em comunicado divulgado ontem. A gravadora alegou prejuízos com a pirataria e dificuldades na concorrência formada basicamente por multinacionais.

A Abril Music, criada em 1998, tem no catálogo mais de 300 títulos nacionais e internacionais, sendo a sexta no ranking com 4,7% do mercado fonográfico do país.

O destino dos artistas da gravadora causa incerteza nas carreiras de Erasmo Carlos, Titãs, Gal Costa, Maurício Manieri, Gil (ex-Banda Beijo), Marina Lima, Ira!, Rita Lee, Mundo Livre, Bruno & Marrone, Ivan Lins e Gilbert, entre outros.

Apesar dos boatos, tanto a Abril Music quanto a BMG negam que tenham fechado um acordo sobre o repasse dos artistas. No comunicado a gravadora afirma que o catálogo será vendido, mas que a marca Abril Music continuará pertencendo ao Grupo Abril.

"Houve uma conversa com a BMG, mas que não foi fechada", disse a diretora de relações corporativas do Grupo Abril, Cleide Castellan.

"Ainda há um período de transição, é óbvio que não fechamos de um dia para o outro", continuou ela, afirmando que "os catálogos serão vendidos no mercado".

Já a assessoria de imprensa da BMG informou que a multinacional manifestou o interesse pela compra da Abril no final de 2002, mas que até o momento nada foi negociado de fato.

Se a BMG comprar o catálogo da Abril Music, deverá se tornar a segunda maior gravadora do país. Atualmente com 14,8 % do mercado, está abaixo da Sony Music (com 16,3%) e da Universal (com 21,8 %).

Projetos

De folga em sua casa em Salvador (BA), a cantora Gal Costa ficou decepcionada com o fim da Abril Music. "Acho triste, principalmente porque ela investia muito no artista brasileiro", disse.

A cantora baiana torce para que a distribuição e a divulgação de seu disco, "Bossa Tropical", não sejam prejudicadas com o fim da gravadora.

"Se confirmarem mesmo os boatos de que a BMG vai comprar o elenco, vou achar bom, pois ela tem uma grande estrutura", continuou.

Gal Costa, que tinha saído da BMG para ingressar na Abril Music, revelou que não teme confusões por parte da diretoria da antiga empresa.

"O relacionamento com eles (BMG) estava esgotado, queria um projeto imediato e eles queriam adiar. Apesar disso, fiz um acordo harmônico e não teriam motivo para boicotarem o meu disco, caso comprem os contratos", explicou.

"Fui para a Abril porque aceitaram a minha condição de contrato apenas por projeto, sem vínculos a longo prazo, conquista que não abro mão no futuro."

O empresário Haroldo Tzirulnik, do grupo Capital Inicial, ainda aguarda a nota oficial da Abril Music.

"Não fui comunicado ainda. Soube pelos jornais. Apesar do susto, isso não causa insegurança para o Capital Inicial, que está numa fase ótima", disse Tzirulnik, completando que o acordo com a Abril Music previa ainda mais um disco da banda pela gravadora.

A cantora Marina Lima garantiu que o fim da Abril Music não vai influenciar o lançamento de seu próximo CD, "Acústico MTV", feito em conjunto com a emissora.

"Vamos gravar o 'Acústico', que deve ser lançado em maio. O anúncio da Abril não interfere nesse projeto, que já está confirmado", afirmou a cantora.

O último disco de Marina, "Setembro", também havia sido lançado pela Abril.

Quem também não pretende mudar os planos é o cantor e compositor Ivan Lins. Ele está agora estreando uma temporada no Rio de Janeiro para lançar o seu último CD, "A Quem me Faz Feliz - Love Song". "Vou continuar trabalhando normalmente o meu disco", garantiu.
 

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