Reuters
25/06/2001 - 19h53

Montesinos sorri ao ser levado para a cadeia

da Reuters, em Lima

O homem mais procurado da América Latina, Vladimiro Montesinos, desembarcou hoje em Lima aparentando calma e chegou a sorrir rapidamente. O ex-chefe da espionagem peruana estava foragido na Venezuela há oito meses e é acusado de corrupção, enriquecimento ilícito e assassinato.

De calça jeans e jaqueta bege, Montesinos _cujos braços, cobertos por um cobertor, pareciam algemados_ saiu do avião escoltado pela polícia. Ele foi preso ontem na Venezuela.

A TV local mostrou ao vivo, às 10h10 (12h10 em Brasília), o momento em que ele trocava o avião por um helicóptero. Os rumores de que ele havia feito uma cirurgia plástica aparentemente eram falsos: Montesinos mantém a mesma aparência.

Esta foi sua primeira imagem desde o escândalo em que ele aparecia em um vídeo aparentemente tentando subornar um deputado. A crise que esse fato gerou levou o presidente Alberto Fujimori a ser destituído por "incapacidade moral", no ano passado.

Montesinos, 56, passou por exames médicos e foi levado para uma cela subterrânea da Suprema Corte peruana, onde está sendo interrogado. Ele deve em seguida ser levado para uma base naval construída por ele mesmo, onde ficará próximo a líderes guerrilheiros encarcerados durante o regime de Fujimori.

Montesinos está sendo interrogado por seis juízes. Ele enfrenta 52 casos nas cortes e 140 investigações envolvendo 553 pessoas e acusações de lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito, corrupção, tráfico de drogas e de armas, extorsão e assassinato.

Durante o trajeto para a Suprema Corte, Montesinos não aparentava estar perturbado com sua captura e sorria.

"É minha vez de perder", disse Montesinos ao ministro do Interior do Peru, Antonio Ketin Vida, ao ser detido, segundo o jornal "La Republica". As palavras remontaram às ditas pelo líder do Sendero Luminoso, Abimael Guzman, quando foi detido por Ketin Vidal em 1992.

Peruanos

Os peruanos ficaram satisfeitos com a prisão e, agora, a expectativa nas ruas é que ele seja condenado à prisão perpétua.

O único detalhe conhecido da operação de prisão é que Montesinos recebeu, nos escritórios das autoridades venezuelanas, o codinome de "café".

Após a divulgação das imagens de suborno, surgiram outros vídeos com Montesinos, que revelaram aos peruanos como ele controlava partes do Judiciário, Forças Armadas, Congresso e imprensa. Em troca dos favores políticos que prestava, ele amealhou US$ 274 milhões.

Fujimori está refugiado no Japão, país do qual também tem cidadania. Por isso, não deve ser extraditado. Em setembro, após a revelação do escândalo, Montesinos foi ao Panamá, pedir asilo político. Não conseguiu e voltou ao Peru, de onde escapou em outubro, a bordo de um iate rumo ao Caribe.

Ele voou de volta a Lima em um avião da polícia peruana, acompanhado do ministro do Interior, Antonio Ketin Vidal, que desembarcou fazendo o "V" de vitória com os dedos.

Ketin Vidal ganhou fama em 1992, ao comandar a operação de captura do líder maoísta Abimael Guzmán, que está preso na mesma base naval para onde deve ir Montesinos.

O Peru oferecia US$ 5 milhões pela captura do ex-chefe da espionagem, acusado também de ter ordenado a tortura de opositores e manipulado as eleições para dar mais um mandato a Fujimori.

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