Reuters
09/02/2003 - 18h07

Sharon recebe missão de formar novo governo

da Reuters, em Jerusalém

O primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, recebeu hoje autorização oficial para formar uma nova coalizão de governo, 11 dias após o seu partido ter vencido as eleições nacionais.

Em uma cerimônia em sua residência oficial, o presidente Moshe Katzav deu a Sharon 28 dias para formar a coalizão, prazo que pode ser estendido por duas semanas caso o primeiro-ministro enfrente dificuldades.

"O primeiro-ministro concordou em aceitar a tarefa", afirmou Katzav durante a solenidade.

Sharon foi reeleito no final de janeiro, quando seu partido, o Likud, conseguiu um terço das 120 cadeiras do Knesset (Parlamento de Israel). O Partido Trabalhista, o principal da oposição, já rejeitou proposta de formar um novo governo de união nacional, como queria Sharon para tentar solucionar o conflito com os palestinos.

A formação do novo gabinete está sendo marcada pela polêmica em torno do encontro entre Sharon e o presidente do Parlamento palestino, Ahmed Korei, na semana passada.

"O plano era encorajar os palestinos a agirem enérgica e determinadamente para conter o terrorismo", disse no sábado Dov Weisglass, chefe de gabinete do premiê, à rádio Israel.

A proposta, disse ele, é que Israel recompense os palestinos aliviando a ocupação militar nas áreas onde os militantes separatistas forem contidos. A Autoridade Palestina afirma, porém, que sua força policial foi praticamente desmantelada pela ocupação israelense na Cisjordânia e na faixa de Gaza.

O encontro entre Sharon e Korei, confirmado por fontes palestinas, foi o mais importante entre políticos dos dois lados em quase um ano. Reunindo-se com o presidente do Parlamento, Sharon novamente esnobou o líder Iasser Arafat, a quem acusa de fomentar a violência.

O encontro foi incentivado pelos Estados Unidos, para quem o fim da violência diminuiria a tensão na região e facilitaria sua possível ação militar contra o Iraque.

Mas na opinião de Effi Eitam, líder do ultranacionalista Partido Nacional Religioso, que pede mais restrições aos palestinos, Sharon quer usar o encontro com Korei para atrair os trabalhistas, favoráveis à retomada do processo de paz.

O governo nega tal intenção política no encontro. "Os contatos foram elogiados e supervisionados pelos norte-americanos, como parte de seus esforços para conter o conflito", disse uma fonte do gabinete, que preferiu não se identificar.

Arafat não confirmou o encontro entre Korei e Sharon, mas disse no sábado que quer "lidar com todas as partes em nome da paz".

O Exército israelense informou neste domingo ter detido dez supostos militantes palestinos. Desde setembro de 2000, quando começou a atual intifada (revolta popular palestina), já foram mortos pelo menos 1.820 palestinos e 700 israelenses.
 

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