Reuters
10/02/2003 - 09h04

Após ataque, Uribe promete manter linha-dura na Colômbia

da Reuters, em Bogotá

O atentado que matou 32 pessoas na sexta-feira (7), entre elas seis crianças, em um clube de Bogotá fez a Colômbia chorar, mas não ser derrotada, disse ontem o presidente Álvaro Uribe, que prometeu manter a ação militar contra guerrilheiros de esquerda, paramilitares de direita e narcotraficantes do país.

Uribe afirmou que os autores do atentado já foram identificados. Ele não citou nomes, mas o vice-presidente Francisco Santos já havia acusado a maior guerrilha do país, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

O ataque destruiu um dos símbolos da elite colombiana, o clube El Nogal. Foi o principal golpe até o momento contra a política linha-dura que no ano passado elegeu Uribe, um fiel aliado dos Estados Unidos e um crítico das propostas de negociar com as Farc. Uma vez empossado, Uribe declarou estado de emergência e deu poderes extraordinários aos militares e à polícia.

"Nada nem ninguém vai dobrar o firme propósito do povo de derrotar a violência e o terrorismo, e o governo, apesar dos reveses, não vai frustrar as exigências da comunidade", disse Uribe, em tom solene, num pronunciamento pela TV.

Também ontem, milhares de colombianos de todas as classes sociais, vestidos de branco, fizeram uma passeata em Bogotá. Muitos se concentraram em frente aos escombros do clube.

"Como disseram as valorosas pessoas que participaram da passeata de hoje em Bogotá, a Colômbia chorou, mas não foi derrotada", afirmou Uribe.

Além dos 32, o carro-bomba deixado no estacionamento do terceiro andar do prédio fez cerca de 160 feridos. No momento da explosão havia um casamento, uma festa de crianças e a apresentação de um balé infantil no clube.

Em sua página na internet www.redresistencia.org, as Farc não chegam a assumir a autoria do atentado, mas afirmam que o clube El Nogal era local de reuniões secretas entre autoridades e paramilitares de direita.

O ministro do Interior, Fernando Londono, duvidou do envolvimento das Farc, dizendo que a explosão foi sofisticada demais para ter sido praticada pelo grupo. Ele apontou a participação dos traficantes de cocaína.

Os Estados Unidos, que já deram cerca de US$ 2 bilhões em ajuda militar à Colômbia, enviaram uma equipe para ajudar a investigar o atentado. "Temos autoridade moral para solicitar cooperação internacional porque estamos comprometidos com os direitos humanos, porque isto é uma democracia com Estado de direito", disse Uribe.

Grupos de defesa dos direitos humanos, porém, criticam a decretação do estado de emergência e a proposta de Uribe de criar uma rede de informantes civis nas zonas rurais.

Normalmente, as Farc agem no interior do país, mas recentemente vêm tentando atacar a elite urbana. A guerra civil no país já dura 40 anos.

 

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