Reuters
12/02/2003 - 23h53

Casa Branca teme aumento do narcotráfico no Peru e na Bolívia

da Reuters, em Washington

Os Estados Unidos expressaram hoje preocupação com o aumento das atividades de narcotráfico na Bolívia e no Peru, e destacaram os sucessos alcançados pela Colômbia e México no combate às drogas.

A Casa Branca declarou que os dois países andinos têm o desafio de reduzir a produção de drogas em um contexto de debilidade econômica e política.

"Uma maior demanda de cocaína na Europa e América Latina e o maior controle de drogas na Colômbia acentuam as exigências sobre o Peru e a Bolívia", afirmou um relatório sobre estratégia dos Estados Unidos para diminuir a produção e o consumo de drogas.

Os êxitos da Bolívia e do Peru nos anos 1990 no combate à produção e tráfico de drogas provocou um deslocamento do cultivo de folhas de coca para a Colômbia, que já era a principal fonte de cocaína do mundo.

No entanto, o relatório destaca que a produção poderá retornar ao Peru e à Bolívia, e advertiu que se a Bolívia não tomar medidas para frear o narcotráfico, Estados Unidos poderão cortar a ajuda econômica que o país recebe de Washington.

Sendero Luminoso

"O cultivo de coca está regressando a zonas frequentadas por terroristas do Sendero Luminoso, enquanto o Peru enfraqueceu sua presença policial em algumas regiões de cultivos de drogas", afirma o relatório.

O Sendero Luminoso é um grupo guerrilheiro maoísta que teve seu apogeu no final dos anos 1980 e início da década passada.

A Casa Branca pediu uma "renovada firmeza" para prevenir o ressurgimento da "volátil combinação" de tráfico de drogas com "terrorismo".

O relatório destaca a preocupação do governo norte-americano com a presença na Bolívia de um "vociferante movimento" que apóia o cultivo de coca, em alusão ao grupo do líder cocaleiro e deputado Evo Morales, que esteve perto de vencer as eleições presidenciais no ano passado.

O cultivo de folhas de coca faz parte da cultura local indígena, e seu consumo é um hábito milenar que ajuda a população típica andina a enfrentar males provocados pela altura, além de ser indicado para outras doenças. Por este motivo, parte dos cultivos é considerada legal e voltada para o uso tradicional da planta, que também é matéria-prima da cocaína.

"Os Estados Unidos enviaram uma mensagem clara à Bolívia que deve continuar no curso da erradicação [dos cultivos de coca] ou arriscará a perder muito da assistência e apoio econômico do governo dos Estados Unidos".

Colômbia e México

O projeto do orçamento de 2004 apresentado pelo presidente George W. Bush ante o Congresso solicita manter os US$ 731 milhões que o governo norte-americano desembolsará em 2003 como parte de sua chamada Iniciativa Antidroga Andina.

Esse dinheiro financia ajuda econômica e militar aos países da região, especialmente Colômbia, o principal exportador de cocaína para os Estados Unidos.

Bush está pedindo um aumento para US$ 25 milhões na ajuda militar à Colômbia em 2004, somando-se aos US$ 116 milhões previstos para este ano.

Ao contrário do Peru e Bolívia, o relatório ressalta a satisfação do governo norte-americano pelo avanço no combate ao narcotráfico na Colômbia e México.

Na Colômbia, houve uma "revolução" na maneira com que o país percebe o "terrorismo" criminal e político, o tráfico de drogas, a corrupção e a debilidade de suas instituições, aponta o relatório.

"Em vez de aceitar debilmente esses fatos como algo normal, o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, está combatendo tanto o comércio de drogas como os grupos de terroristas que esse comércio sustenta".

A Casa Branca também elogiou o governo do presidente mexicano, Vicente Fox, por tomar "ações sérias" contra organizações traficantes de drogas. A situação no México oferece "mais esperança do que em qualquer momento em muitos anos".

Desde que Fox assumiu a presidência em dezembro de 2000, 14 chefes de organizações traficantes foram presos, e 300 de seus subordinados foram "arrancados das ruas", acrescenta o relatório.
 

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