Reuters
13/02/2003 - 22h08

Diretor mineiro reconta a vida de Aleijadinho

da Reuters, em São Paulo

Depois de circular por festivais nacionais, como o de Recife, e internacionais, como o Annual African Diaspora Film Festival, em Nova York, entra em cartaz o filme "Aleijadinho - Paixão, Glória e Suplício", uma cinebiografia do conhecido escultor mineiro Antônio Francisco Lisboa (1738-1814) assinada pelo diretor Geraldo Santos Pereira.

A produção marca, aliás, a volta do veterano cineasta mineiro, de 77 anos, que não filmava desde 1978, quando lançou "O Sol dos Amantes". Pereira trabalhou no estúdio Vera Cruz, no ABC paulista, e desenvolveu uma constante parceria com seu irmão gêmeo, Renato Santos Pereira (já falecido), que foi, inclusive, o autor de um primeiro roteiro para "Aleijadinho".

Como nesse script inicial predominavam os aspectos históricos, delineados de forma bastante didática, Pereira procurou a ajuda do escritor Rui Mourão, diretor do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto -cidade onde nasceu e trabalhou Aleijadinho-, além de mergulhar na pesquisa de documentos, livros e depoimentos de historiadores, para criar diálogos e recompor da maneira mais viva e fiel possível os hábitos dos séculos 18 e 19.

Desse estudo, emergem detalhes como o de que Aleijadinho conheceu a obra dos grandes mestres do barroco europeu na biblioteca do poeta e inconfidente Cláudio Manoel da Costa (no filme, interpretado por Carlos Vereza).

O enredo é ambientado no ano de 1858, quando o professor e historiador Rodrigo Bretas (Antonio Naddeo) descobre a existência da parteira Joana Lopes (Ruth de Souza), uma nora de Aleijadinho (Maurício Gonçalves), que havia morrido 44 anos antes.

Através dos relatos dessa mulher, o pesquisador reconstitui a trajetória do artista, filho de uma escrava e do arquiteto português Manoel Francisco Lisboa (Edwin Luisi), e que se tornou o mais importante escultor do período barroco mineiro.

Germain Bazin, um ex-conservador do Museu do Louvre, uma vez definiu Aleijadinho como o "Michelangelo dos Trópicos", por ser o autor de uma obra "sublime, a última aparição de Deus evocada pela mão humana".

Em flashback, o filme narra os principais acontecimentos na vida de Lisboa, destacando inclusive aspectos mais pessoais, como sua intensa paixão por Helena (Maria Ceiça), uma ex-escrava, e o grande sofrimento imposto pela misteriosa doença que o acometeu a partir dos 47 anos e acarretou sua progressiva deformidade e incapacidade física.

A doença provocou, além do mais, o abandono dele por parte de Helena, que tivera um filho com ele, mas depois se apaixonara e fugira com o ajudante de ordens do governador-geral, D. Luiz da Cunha Menezes.

No Festival de Recife de 2001, o protagonista Maurício Gonçalves venceu o troféu de melhor ator. Os figurinos são de Raul Belém Machado e Marney Heittman, e a música e regência, de Edino Krieger.
 

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