Reuters
17/02/2003 - 15h51

Aquecimento global derrubará ações de poluidores, diz estudo

da Reuters em Londres

O aquecimento global deve ter um grande impacto nos mercados financeiros depois de investidores reavaliarem as empresas com base no grau de fragilidade delas diante das mudanças climáticas. Essa é a conclusão de um estudo elaborado pelo Projeto Emissão Carbono e divulgado hoje.

Certas empresas podem experimentar custos suplementares devido ao aumento no número de desastres naturais e devido a novas leis cujo objetivo seria reduzir a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa, afirmou o relatório.

Algumas podem ver seu valor de mercado cair. Para empresas que são grandes emissoras de gás carbônico, essa queda pode ser de até 40%, estima o estudo, encomendado por um grupo de empresas de investimento responsáveis por supervisionar cerca de US$ 4,5 trilhões em ações.

Aquelas que identificarem os riscos e implementarem medidas para reduzi-los serão mais competitivas, o que deve elevar o preço de suas ações. "É quase certo que, nos próximos anos, aumente o impacto financeiro das mudanças climáticas", disse Tessa Tennant, diretora do Projeto. "Trata-se de segurança dos retornos financeiros assim como de proteger o ambiente."

Apesar dos grandes riscos, no entanto, muitas das grandes empresas mundiais ignoram as mudanças climáticas. Mesmo com 80% dos entrevistados na pesquisa, feita com 500 das maiores empresas do mundo, tendo reconhecido que o aquecimento da Terra representa um risco financeiro, apenas entre 35% e 40% delas tomaram medidas para diminuir tais riscos.

Clima inóspito

O mundo empresarial enfrenta em várias frentes ameaças nascidas do clima. Setores como o agrícola e o de turismo são vulneráveis a condições climáticas cada vez mais inóspitas.

Mas os efeitos do fenômeno devem ser sentidos na maior parte dos setores. Em vista de as perdas econômicas provocadas por desastres naturais estarem duplicando a cada dez anos, seguradoras correm grandes riscos.

Por outro lado, os governos de vários países tentam aprovar leis que limitem a emissão de gás carbônico. Indústrias como a petrolífera e a de transformação são alvos óbvios dessa ação reguladora. A UE (União Européia), partes dos EUA e o Japão estudam aprovar novas leis.

O provável aumento dos impostos deve elevar o custo da energia, atingindo todos os setores. Há, contudo, possibilidades para lucrar. A redução da emissão de gás carbônico pode tornar algumas empresas mais eficientes. Novos setores também devem se desenvolver, premiando empresas capazes de explorá-los. Um exemplo é o mercado de energia renovável, que deve subir de US$ 234 bilhões a US$ 625 bilhões em 2010 para US$ 1,9 trilhão em 2020.
 

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