Reuters
19/02/2003 - 21h22

Kofi Annan pede "revolução verde" na África

da Reuters, em Roma

O secretário-geral da Organização Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, pediu hoje para a comunidade internacional ajudar a África a realizar uma revolução na agricultura a fim de tirar o continente da pobreza.

Reuters - 25.fev.2002
Kofi Annan, secretário-geral da ONU
Ele disse que são necessárias novas técnicas de agricultura para tratar do devastador impacto da Aids em agricultores e em trabalhadores de produção de alimentos na África.

Annan disse em conferência da ONU que a única maneira de se chegar ao objetivo de reduzir a pobreza e a fome à metade até 2015 é trabalhar com as comunidades rurais -onde vivem três quartos das pessoas mais pobres do mundo.

"O objetivo de reduzir à metade o número de pessoas vivendo em extrema pobreza...vai exigir que trabalhemos em direção a uma revolução verde no setor de agricultura da África, para que a África também possa andar em direção à auto-suficiência que vimos ser atingida em outros lugares", afirmou.

Uma chamada "revolução verde", usando tecnologias de agricultura inovadas, aumentou o fornecimento de alimentos da Ásia nos anos 1960 e 1970, reduzindo os níveis de pobreza.

Annan não deu detalhes de como a revolução verde seria realizada na África e não fez menção específica à delicada questão das colheitas geneticamente modificadas.

Alguns países africanos que enfrentam falta de alimentos, incluindo a Zâmbia, desconfiam dos alimentos transgênicos e recusaram doações ou disseram que as sementes seriam destruídas.

A FAO (Organização de Alimentação e Agricultura da ONU) recusou-se a comentar as declarações de Annan. A FAO disse ontem que a pesquisa biotecnológica não está conseguindo ajudar os pobres e precisa manter o foco no aumento da quantidade e da qualidade dos alimentos.

Rodney Cooke, autoridade da Fundo Internacional da ONU para o Desenvolvimento Agrícola (IFAD), disse que uma "revolução verde"' na África pode significar o aumento do uso de fertilizantes químicos e variedades de plantações que sobrevivam a secas.

Cooke, bioquímico especialista em sistemas de agricultura e alimentos, disse que a biotecnologia pode ajudar a aumentar a produção de comida na África a longo prazo, reduzindo a dependência de elementos químicos caros, que os agricultores mais pobres não podem comprar, desde que o uso das sementes modificadas seja aprovado.

"O desafio na África é atingir a produtividade agrícola elevada em ambientes duros e com riscos", disse, em referência a secas, solos pobres e alto nível de ataques de pestes.

Aids na agricultura

Annan disse ao conselho diretor do IFAD, uma das três agências da ONU com base em Roma, que novas técnicas de agricultura são vitais na guerra contra a Aids, que devastou comunidades agrícolas na África subsaariana.

"Por causa da Aids estão sendo perdidos conhecimentos de agricultura, os esforços estão declinando, profissões rurais estão se desintegrando", disse Annan.

"Devemos combinar assistência alimentar e novas técnicas de agricultura com tratamento e prevenção do HIV/Aids", disse Annan.

Cooke disse que técnicas de agricultura com menos intensidade de trabalho incluem o uso de sementes que exijam menos tratamento e em variedades resistentes a pestes.

Annan pediu reversão na tendência atual de queda da ajuda oficial ao desenvolvimento rural e agrícola, e clamou por investimentos e políticas para aumentar a produtividade rural.

O IFAD financia projetos agrícolas de pequena escala e longo prazo em regiões pobres do mundo, usando doações dos 162 países-membros, além de rendimentos obtidos com seus investimentos e empréstimos.
 

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