Reuters
19/02/2003 - 23h45

Plano dos EUA para pós-guerra prevê alimentos e ajuda econômica

da Reuters, em Washington

O governo norte-americano tem elaborado um amplo plano de reconstrução para depois da guerra contra o Iraque, que prevê desde a ajuda do Programa Mundial de Alimentos para distribuir comida até o apoio a instituições financeiras para evitar um "colapso macroeconômico", disseram hoje pessoas próximas às discussões.

Além de se preparar para 600 mil ou mais refugiados, os Estados Unidos planejam grandes projetos de construção, ampliando um porto importante e reconstruindo estradas e pontes, disseram as fontes, citando documentos do governo.

O preço da ajuda humanitária e do projeto de reconstrução deverá ser de bilhões de dólares, além dos custos de uma possível invasão, dois anos de ocupação militar no Iraque e pacotes de ajuda econômica para aliados como Turquia, Israel e Jordânia.

Os Estados Unidos e o Reino Unido estão reunindo tropas na região do golfo Pérsico para uma possível guerra contra o Iraque sob o argumento de eliminar as armas de destruição em massa do país árabe. O Iraque nega possuir armas proibidas.

O governo norte-americano está contando com o faturamento do petróleo iraquiano para ajudar a pagar a reconstrução, mas ainda não esclareceu como Washington planeja administrar a indústria petrolífera do Iraque.

Os planos dos Estados Unidos para o pós-guerra já estão sendo criticados pelos principais grupos de oposição do Iraque.

Receita para o desastre

Ahmad Chalabi, o mais conhecido líder da oposição no Congresso iraquiano, acusou os Estados Unidos de elaborarem uma "receita para o desastre", que prevê a permanência de oficiais norte-americanos nos três níveis mais elevados dos ministérios iraquianos.

Chalabi, em artigo publicado no "Wall Street Journal", disse que as propostas norte-americanas deixarão no cargo muitas autoridades iraquianas do governo de Saddam Hussein. As propostas, segundo ele, também excluiriam grupos de oposição de qualquer cargo no governo durante o período de transição. Enquanto isso, os iraquianos que vivem sob o regime de Saddam provavelmente formarão seus próprios grupos políticos independentes.

Washington, no entanto, rejeita as críticas e defende os planos para o Iraque se for lançada uma operação militar contra o país.

"Os Estados Unidos deixaram isto bastante claro, e reitero hoje, que em um Iraque pós-Saddam, é importante que as pessoas tanto de dentro quanto de fora tenham um papel em um futuro governo do Iraque", disse a jornalistas o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.

Ele disse que os Estados Unidos esperam proteger as infra-estruturas críticas do Iraque "que recebem comida, que recebem medicamentos, que recebem suprimentos para as pessoas dentro do Iraque"'.

Deslocamentos

Com a possibilidade de uma guerra contra o Iraque nas próximas semanas, autoridades afirmam que o governo de George W. Bush está deslocando geradores, barracas, alimentos, medicamentos e outros suprimentos humanitários para locais ao longo das fronteiras iraquianas.

A Casa Branca notificou comitês do Congresso nesta semana sobre planos de financiar uma mobilização inicial de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões para outros programas de ajuda humanitária.

Fundos adicionais para assistência humanitária serão incluídos em um orçamento multibilionário de emergência que Bush enviará ao Congresso caso seja declarada a guerra.

Enquanto o governo Bush afirma que manterá o programa das Nações Unidas de petróleo por comida, ele também quer que o Programa Mundial de Alimentos assuma a rede de distribuição de comida, pelo menos temporariamente, disseram autoridades. Um porta-voz do Programa Mundial de Alimentos, no entanto, disse que nenhum acordo foi fechado.

A organização está buscando US$ 23 milhões para custear o envio de 32 mil toneladas de alimentos para a região. Esta quantia seria o suficiente para alimentar cerca de 900 mil pessoas por dez dias.

Mas a agência tem elaborado planos de emergência para alimentar 10 milhões ou mais iraquianos a um custo de "centenas de milhões de dólares'", disse um porta-voz da organização.

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