Vítimas do apartheid processam empresas
da Reuters, em Johannesburgo (África do Sul)Advogados representantes de seis vítimas de discriminação racial abriram uma ação compensatória contra um grupo de bancos e outras empresas que, segundo eles, apoiou o antigo governo segregacionista da África do Sul.
Os processos seguem pelo menos três outros impetrados por escritórios de advocacia americanos e acusam as mesmas empresas, segundo informação de um grupo sul-africano que coordena a crescente campanha para que empresas que apoiaram o apartheid paguem pelos danos que causaram à população negra. A informação foi divulgada hoje.
O escritório de advocacia Finkelstein, Thompson e Loughran, de Washington, impetrou a queixa ontem, citando sete bancos e 13 outras corporações em Nova York, segundo Neville Gabriel, porta-voz da Campanha das Dívidas e das Reparações do Apartheid, baseada na África do Sul.
"Isso diz respeito a enormes contingentes de pessoas -a maior parte da população da África do Sul [...]. Portanto estamos falando de uma enorme quantidade de dinheiro", disse.
Entre os bancos citados estão Credit Suisse, UBS e JP Morgan Chase. Além disso, na lista há também empresas de petróleo como TotalFinaElf e Exxon Mobil, juntamente com fabricantes de automóveis, empresas de informática e empresas de segurança.
As empresas rejeitaram as acusações publicamente e declararam que vão se defender contra as ações.
Gabriel declarou que seriam necessários diversos processos para que a gravidade da queixa fosse enfatizada. "Seria uma expressão da seriedade dos interesses e da credibilidade da própria ação legal", disse.
Segundo ele, cada vez mais pessoas estavam dispostas a juntar-se às ações, que são impetradas em favor de vítimas específicas, mas que ofereceriam compensações a todas as pessoas que sofreram danos por causa do apartheid.
A ação de ontem apresentava o caso de seis sul-africanos que foram vítimas de torturas e da brutalidade da polícia. Dois dos seis eram parentes de pessoas mortas pelas forças de segurança do governo do apartheid.
A ação alega que as empresas auxiliaram o antigo governo da África do Sul, mesmo tendo sido alertadas pela ONU que o regime era ilegal. A maioria negra do país foi discriminada pelo apartheid até 1994, quando houve eleições democráticas.
Em junho último, o advogado americano Edward Fagan anunciou que impetraria uma ação a favor de vítimas do apartheid. Dois outros escritórios de advocacia seguiram seus passos.
Fagan declarou que os US$ 100 bilhões pagos às vítimas das operações alemãs durante a Segunda Guerra Mundial deveriam servir como guia para as ações contra o apartheid.
Críticos, incluindo o último presidente branco da África do Sul, F.W. de Klerk, acusaram Fagan de dar esperanças falsas a vítimas frustradas com a demora do governo em fazer reparações.
O arcebispo Desmond Tutu deu apoio cauteloso às ações, mas os funcionários do presidente Thabo Mbeki evitaram fazer qualquer comentário a respeito dos processos.
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