Reuters
27/06/2001 - 13h37

Dados de vacina contra Aids devem ser divulgados em nove meses

da Reuters, em Nova York (EUA)

Os dados iniciais sobre a eficácia da primeira vacina preventiva contra a Aids a ser testada em humanos deverão estar disponíveis "dentro de 6 a 9 meses", de acordo com Seth Berkley, presidente e diretor-executivo da Iniciativa Internacional para Vacina contra Aids (IAVI).

Ele falou a respeito da vacina ontem durante a Sessão Especial sobre HIV/Aids da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas

Berkley disse que a vacina, denominada AIDSVAX, é apenas uma das muitas pesquisas de vacinas em andamento. Ele advertiu que muito trabalho ainda deve ser feito para garantir que qualquer vacina eficaz possa ser produzida e distribuída rapidamente àqueles com maior necessidade.

"Não podemos retardar o processo enquanto cada país decide aprovar as vacinas que vão surgindo", disse ele aos repórteres.

Para ajudar a evitar atrasos, a IAVI já coletou mais de 50 mil assinaturas de especialistas na área de saúde, de cerca de 145 países, solicitando que os líderes dos governos desenvolvam mecanismos para a aprovação e distribuição das vacinas.

Enquanto isto, a AIDSVAX, em desenvolvimento pela VaxGen, de Brisbane (Califórnia), está em fase final de testes em humanos. Ela inclui como ingrediente principal uma versão sintética da proteína encontrada na superfície do HIV.

Os fabricantes da AIDSVAX esperam que a inoculação da vacina prepare o sistema imunológico do organismo para um esquema de defesa efetivo contra o vírus.

Duas versões da vacina estão sendo avaliadas atualmente. A versão que está mais perto de completar os testes clínicos é baseada no subtipo B do HIV, uma variante mais comum nos países do ocidente.

Dados sobre a eficácia de uma segunda versão -baseada no subtipo E, mais comum no sudeste da Ásia- estão sendo aguardados para daqui a 18 meses ou 2 anos aproximadamente, afirmou Berkley. Outras vacinas contra o HIV estão sendo encaminhadas para a fase de testes em humanos, incluindo algumas desenvolvidas diretamente pela IAVI.

Há ainda vários obstáculos para o desenvolvimento imediato de uma vacina eficiente contra a Aids, e não é o menor de todos o fato de que a pesquisa permaneça "com pouquíssimo financiamento", de acordo com Berkley, de menos de 2 por cento do que é gasto globalmente no combate da epidemia de Aids.

A distribuição de uma vacina eficaz em nações pobres, com sistemas de saúde frágeis, tem sido uma grande preocupação, já que outras vacinas desenvolvidas para evitar doenças infecciosas levaram, tipicamente, a média de 20 anos para chegar até as populações carentes dos países em desenvolvimento.

Em um estudo divulgado ontem, os especialistas da IAVI descreveram os passos que julgam necessários para superar os problemas de aprovação e distribuição, incluindo a verba de US$ 1,1 bilhão para a pesquisa das vacinas nos próximos sete anos.

Para o caso de uma vacina efetiva contra a Aids ser obtida, o grupo recomenda um plano diferenciado de preços para sua comercialização, com os países mais pobres pagando menos do que as nações mais ricas.

Finalmente, a IAVI também pediu aos líderes de governo do mundo para que trabalhem unidos na redução ou eliminação das barreiras contra a rápida aprovação e distribuição das vacinas.

Berkley disse que espera, no final, obter mais de 2 milhões de assinaturas para a petição da IAVI "para assegurar que os parlamentos ao redor do mundo batalhem por essas questões regulatórias nos seus respectivos países".
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca