Reuters
27/02/2003 - 09h23

Sob pressão, ONU começa a discutir resolução para a guerra

da Reuters, em Nova York

Sob intensa pressão, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) começa a discutir hoje uma proposta de resolução, apresentada por Estados Unidos, Reino Unido e Espanha, que autoriza uma guerra no Iraque.

Para evitar sua aprovação, França, Alemanha e Rússia apresentaram uma outra proposta, que mantém as inspeções de armas no Iraque por pelo menos mais quatro meses, de forma reforçada.

A reunião de hoje será a portas fechadas. "Vamos ter nossas primeiras consultas e ver como a coisa anda. Acho que (a resolução) merece forte apoio, e estamos confiantes e otimistas que ela receba o mínimo necessário de votos", afirmou o embaixador norte-americano na ONU, John Negroponte.



A votação propriamente dita só deve acontecer após duas semanas. Até agora, fora os países que propuseram a resolução, só a Bulgária deu apoio, moderado, à sua aprovação, que necessita de 9 dos 15 votos no Conselho -e ainda assim pode receber o veto de França, Rússia ou China.

Ontem, o inspetor-chefe da ONU, Hans Blix, deu mais munição ao governo Bush, dizendo claramente que o Iraque ainda não tomou a "decisão fundamental" de se desarmar.

Foram os comentários mais duros de Blix contra o Iraque desde 27 de janeiro, quando ele afirmou à ONU que Bagdá não havia "aceitado de forma genuína" a ordem para entregar suas supostas armas de destruição em massa.

Desde então, Blix vinha adotando uma linguagem mais comedida. Ainda na terça-feira (25) ele apontava "progressos" no trabalho. Nesta semana, Blix entrega um relatório por escrito à ONU, e no dia 6 ou 7 ele faz uma apresentação oral ao Conselho. Um diplomata disse que o relatório por escrito será bastante moderado.

A maior pressão no Conselho é exercida sobre os seis membros temporários ainda indecisos -México, Chile, Paquistão, Angola, Camarões e Guiné.

O Canadá, que não participa do Conselho, tentou romper o impasse sugerindo um plano com vários ultimatos ao Iraque, o último deles em 28 de março. Se até lá o Iraque não se desarmar, estaria aberta a porta para a ação militar.

A idéia interessou aos seis membros indecisos do Conselho, mas não encontrou respaldo aos Estados Unidos, já que retardaria os planos militares. A Alemanha também se opôs, por considerar que a idéia não exclui a opção da guerra.

"O tempo está contra o Canadá", disse um diplomata do Conselho, referindo-se ao fato de que os Estados Unidos e o Reino Unido preferem iniciar a eventual guerra no começo da primavera (do hemisfério Norte), antes que as temperaturas no Oriente Médio tornem o combate impraticável para seus soldados.

A pressão norte-americana atinge também a Rússia, que nos últimos anos mantém boas relações com os Estados Unidos. É improvável que os russos aprovem a resolução dos EUA, mas Washington quer garantir pelo menos que eles não usem seu poder de veto.

A França, que de todos os membros permanentes é o que mais se opõe ao conflito, torce para que a proposta norte-americana não consiga os nove votos. Dessa forma, Paris não sofreria o ônus político de eventualmente vetar a proposta.

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