Reuters
03/03/2003 - 06h37

Mohammed é o "engenheiro" da Al Qaeda

da Reuters, em Washington

A prisão de Khalid Sheikh Mohammed é a mais importante até agora na luta global contra o terror promovida pelos EUA. Autoproclamado chefe do comitê militar da Al Qaeda e identificado pelos investigadores americanos como o principal planejador dos ataques de 11 de setembro de 2001, ele é visto como pivô para as operações da rede de Osama bin Laden.

Com idade presumida de 37 anos, ele foi incluído em outubro de 2001 na lista de 22 terroristas mais procurados pelo FBI, e uma recompensa de US$ 25 milhões foi oferecida por sua prisão.

"Se Bin Laden é o arquiteto da Al Qaeda, Mohammed é o engenheiro", disse um investigador ao "Los Angeles Times", num perfil publicado no ano passado. Segundo esse perfil, Mohammed nasceu no Kuait em 1965, mas sua família seria de uma Província do Paquistão na fronteira com o Afeganistão.

Ele estudou nos EUA numa pequena escola batista na Carolina do Norte, popular entre os estudantes do Oriente Médio, onde frequentou um curso preparatório para engenharia. "Era um bom estudante _um pouco acima da média", disse o chefe do departamento de ciências da escola, Garth Faile. Posteriormente, ele ingressou no curso de engenharia da Agricultural and Technical State University, na Carolina do Norte.

No fim dos anos 80 foi para Peshawar, no norte do Paquistão, onde frequentou, com os irmãos, um pequeno círculo que incluía Bin Laden. Nesse tempo, Peshawar era base para os "mujaheedin", os guerrilheiros afegãos que lutavam contra a ocupação soviética com ajuda dos EUA. Mas, com a retirada soviética, em 1989, e o fim da ajuda, os EUA foram logo vistos como traidores.

Em 1995, Ramzi Ahmed Yousef foi preso em Islamabad, a capital paquistanesa. Sobrinho de Mohammed, ele era acusado de planejar o ataque a bomba de 1993 ao World Trade Center, em Nova York, e hoje está em prisão perpétua. No ano seguinte, Mohammed foi indiciado nos EUA por sua participação em um suposto plano para explodir aviões civis americanos sobre o Pacífico.

Mas ele permaneceu à solta e, segundo os investigadores, viajou o mundo em seu papel de principal agente recrutador da Al Qaeda. Ele é suspeito de envolvimento com os atentados às embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, em 1998, e ao destróier americano USS Cole, no Iêmen, em 2000.

Após os ataques de 11 de setembro, ele teria fugido do Afeganistão para o Paquistão. Em setembro, a polícia de Karachi identificou-o como um homem atingido por um atirador durante um tiroteio com militantes da Al Qaeda. A informação foi negada depois por um militante paquistanês.

Um jornal paquistanês, ao relatar o ocorrido, disse que os investigadores acreditavam que foi Mohammed quem cortou a garganta do repórter americano Daniel Pearl em frente a uma câmera. Pearl havia sido sequestrado em janeiro do ano passado, quando fazia uma reportagem sobre extremistas.

O militante Ahmed Omar Sayeed Sheikh, nascido no Reino Unido, foi condenado à morte no mês passado pelo sequestro e morte de Pearl, e três cúmplices foram condenados à prisão perpétua.
 

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