Reuters
04/03/2003 - 11h08

Negociação para desarmamento do IRA avança na Irlanda do Norte

da Reuters, em Hillsborough (Irlanda do Norte)

As negociações em torno do desarmamento dos guerrilheiros do IRA (Exército Republicano Irlandês, guerrilha católica) e da restauração da divisão de poderes entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte avançaram hoje, ao entrarem em um não-programado segundo dia.

Apesar da preocupação com a crise no Iraque, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, preferiu permanecer em Belfast para buscar um acordo. Ao lado do seu colega da República da Irlanda, Bertie Ahern, Blair tenta convencer o IRA a se desarmar totalmente. Em troca, o contingente militar britânico na Irlanda do Norte seria diminuído.



O desarmamento do IRA é uma reivindicação básica dos partidos protestantes para voltarem ao governo local, suspenso há cinco meses. Blair e Ahern têm pressa para alcançar um acordo, já que sem ele as eleições de maio ficariam inviáveis.

Um porta-voz de Blair disse que as negociações estão avançando. "Não vamos produzir nenhum documento grande, grosso. Mas haverá um consenso, algo que os partidos levem para apresentar a seus membros", disse o porta-voz.

As instituições políticas da Irlanda do Norte foram criadas por um acordo de paz de 1998, que encerrou três décadas de guerra civil. Esse acordo previa a divisão do governo entre protestantes e católicos, mas o mecanismo já atravessou várias crises.

Nas negociações de domingo (2), os dois governos apresentaram às partes em conflito um documento de 28 páginas que pode servir de base para a retomada da divisão de poderes. Fontes disseram que, ao longo da discussão, esse esboço foi "mudando continuamente".

Para que o desarmamento do IRA aconteça, os republicanos católicos querem não só a redução do contingente britânico, mas também uma reforma na força policial, a autonomia dos poderes judiciais regionais e anistia para guerrilheiros foragidos.

O principal líder protestante da Irlanda do Norte, David Trimble, quer um mecanismo que proíba o partido republicano Sinn Fein de participar do governo se o IRA, seu braço militar, não se desarmar.

"A questão da verificação e das sanções é que permitirá um acordo", disse Trimble na segunda-feira. Mas Mitchel McLaughlin, do Sinn Fein, acha que, com as sanções, Trimble teria um "botão nuclear" em suas mãos.

"A exigência de sanções, claramente destinadas a meu partido, não é algo com o que concordemos. Ela é ofensiva ao Acordo da Sexta-Feira Santa (o de 1998), e não vamos renegociar isso", afirmou McLaughlin à rádio BBC hoje.

 

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