Reuters
04/03/2003 - 20h18

EUA dizem que estão ganhando terreno no Conselho de Segurança

da Reuters, em Washington

O governo Bush disse hoje que está ganhando apoio no Conselho de Segurança da ONU para uma resolução atestando que o Iraque violou as exigências de desarmamento das Organização das Nações Unidas, medida que poderia abrir caminho para uma invasão.

"Estou cada vez mais otimista de que, se for à votação, poderemos convencer a maioria dos membros do Conselho de Segurança a votar pela resolução", disse o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, ao canal de televisão francês France 2.

"Tivemos alguns telefonemas muito bons de muita gente e achamos que estamos progredindo em direção à obtenção de uma decisão do conselho", disse uma autoridade graduada do Departamento de Estado. Isso significaria obter os nove votos necessários para aprovar a resolução.

Estados Unidos, Reino Unido, Espanha e Bulgária se manifestaram publicamente a favor da resolução, mas enfrentam grande oposição de França, Rússia, China, Alemanha e Síria. Os três primeiros têm poder de veto no conselho.

O ministro do Exterior da Rússia, Igor Ivanov, voltou a afirmar hoje que Moscou pode usar seu poder de veto para bloquear uma resolução que abra caminho para uma guerra no Iraque.

Ivanov também disse que os inspetores de armas da ONU no Iraque deveriam poder estabelecer sua própria data final para julgar os esforços de desarmamento de Saddam Hussein.

Os outros seis membros do Conselho de Segurança -Angola, Camarões, Guiné, México e Paquistão- estão indecisos e sofrem assédio das grandes potências.

Os Estados Unidos poderiam encerrar sua campanha por uma segunda resolução e iniciar uma invasão do Iraque sem aprovação da ONU, mas autoridades norte-americanas indicaram hoje que, pelo menos neste momento, esperam que o conselho vote.

"Estamos pressionando por uma segunda resolução...Entendemos a importância e a utilidade de uma segunda resolução", disse Powell à ITN, do Reino Unido, em outra entrevista.

Pedido britânico

Os Estados Unidos concordaram em apresentar a resolução principalmente após os pedidos do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, único parceiro militar significativo nos planos de invasão do Iraque de George W. Bush. Blair enfrenta grande oposição interna a um ataque, principalmente sem aprovação da ONU.

As autoridades dos EUA não descartam abandonar a busca por uma resolução, mas indicaram que isto é improvável.

"Queremos que os membros do conselho tenham a oportunidade [de votar]...É para isso que estamos indo, é por isso que estamos pressionando", disse Richard Boucher, porta-voz do Departamento de Estado.

As autoridades não disseram quantos membros do Conselho de Segurança estão se voltando para a posição dos EUA, mas Boucher afirmou que Powell conversou por telefone ontem com o ministro do Exterior do México, Luis Ernesto Derbez, e com o ministro do Exterior da Guiné, Francois Ousseynou Fall.

Derbez esteve na casa de Powell, nos arredores de Washington, no sábado (1). O México disse no domingo (2) que está trabalhando com os EUA sobre o "desarmamento incondicional" do Iraque.

O Conselho de Segurança ouvirá na sexta-feira (7) os relatórios dos chefes dos inspetores de armas, Hans Blix e Mohammed El Baradei. Os ministros do Exterior da França e da Alemanha deverão participar da sessão. Boucher disse que Powell ainda não decidiu se irá ao encontro.

Powell voltou a demonstrar nas entrevistas sinais de impaciência com o processo de inspeções da ONU e disse que os Estados Unidos não podem manter suas forças ao redor do Iraque para sempre.

"Não se pode manter uma força assim, tão grande, somente parada por um longo período, como algumas pessoas sugeriram. Não é a solução correta, somente manter uma força estacionada ao redor", disse ele ao canal France 2.

Mas o senador democrata Edward Kennedy disse hoje que a manutenção das forças dos EUA no golfo Pérsico seria mais barata a longo prazo do que uma guerra desnecessária e arriscada.
 

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