Reuters
05/03/2003 - 10h37

Rivalidade entre empresas causa incompatibilidade de softwares

da Reuters

A Microsoft anuncia como seu slogan "informação em qualquer lugar, a qualquer hora e em qualquer aparelho", mas a explosão de aparelhos sem fios produzidos por empresas rivais está testando a paciência de consumidores que dependem dos softwares baseados no sistema Windows e de serviços na internet.

Os estrategistas da Microsoft afirmam que as informações geradas em computadores que usam o Windows podem ser mais bem visualizadas em aparelhos portáteis compatíveis com o Windows, mas que também devem ser acessíveis em aparelhos que não usam o Windows, desde telas da internet até telefones celulares.

A maior fabricante mundial de software já afirmou repetidas vezes que apóia a abertura do setor. Seus executivos integram organismos que estabelecem os padrões e critérios tecnológicos que determinam como aparelhos móveis, música digital e troca instantânea de mensagens podem funcionar juntos de maneira harmoniosa, independentemente do aparelho que se utiliza.

Mas executivos e engenheiros de empresas rivais da Microsoft, como a International Business Machines (IBM) e a Sun Microsystems, dizem que "informação em qualquer lugar" é uma promessa infundada, e experiências recentes sugerem que eles podem ter razão.

Um exemplo: os sistemas de mensagens instantâneas. O comunicador pessoal MSN Messenger não está disponível em aparelhos com o sistema operacional Palm OS, que domina o mercado de micros de mão e é adotado em aparelhos produzidos pela Sony, pela Handspring, pela Samsung e pela própria Palm Computing.

Rivais da Microsoft, AOL e Yahoo oferecem sistemas de mensagens instantâneas criados especialmente para os aparelhos que empregam o Palm OS. Um representante da Microsoft disse que o problema se deve a conflitos com o software de navegação do Palm OS, e que não é um problema exclusivo do MSN Messenger.

A decisão da Microsoft de ignorar aparelhos que operam com softwares de concorrentes seria pouco inteligente num mercado normal, mas o setor de informática é dominado por impérios concorrentes. Há o campo da Microsoft e aquele que usa qualquer coisa menos produtos da Microsoft. Os consumidores ficam imprensados entre os dois lados.

Ao ignorar seus rivais, a Microsoft desestimula os usuários de Windows de comprar aparelhos concorrentes.

"Qualquer outra empresa que estivesse na posição da Microsoft provavelmente faria o que ela faz. Cabe aos reguladores do governo impor limites", diz Mark Eastwood, engenheiro da Handspring.

A Microsoft já enfrentou batalhas legais iniciadas por reguladores na Europa e nos EUA. Ela se saiu bem. Saiu intacta, por exemplo, de uma batalha prolongada nos tribunais lançada contra ela no final dos anos 1990 pelos reguladores antitruste do governo americano, que a acusavam de usar práticas comerciais monopolistas para derrotar suas rivais no emergente mercado de programas para a internet.

Os usuários do Hotmail, o serviço de e-mail gratuito da Microsoft, enfrentam conflitos semelhantes quando navegam usando telefones que acessam a internet.

O site MSN Pocket PC (mobile.msn.com/pocketpc), da Microsoft, foi projetado especialmente para as telas pequenas dos telefones que se conectam ao computador, mas os usuários de produtos que não são da Microsoft _como o Treo, da Handspring, que combina celular, agenda e navegador_ terão dificuldade em usar o site.

Tradução de Clara Allain
 

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