Reuters
06/03/2003 - 14h19

Começa temporada de leilões de arte em São Paulo e Rio

da Reuters, em São Paulo

Obras de artistas como Leonilson, Alfredo Volpi, Iberê Camargo e Cícero Dias foram selecionadas para os primeiros leilões de arte do ano, agendados para ocorrer entre março e abril no eixo Rio-São Paulo, com lotes que vão desde de gravuras com lance mínimo de R$ 500 a pinturas modernas que podem atingir até R$ 900 mil.

A casa Aloisio Cravo, especializada em arte contemporânea, terá como vedete da noite de 7 de abril, no hotel Sheraton Mofarrej de São Paulo, uma pintura dos anos 80 de Iberê Camargo, cuja estimativa varia entre R$ 150 mil e R$ 180 mil.

Também da mesma época, serão leiloados um pequeno óleo e uma coleção de desenhos de Leonilson, artista mais concorrido no último leilão da casa no ano passado, além de trabalhos de Beatriz Milhazes, Daniel Senise, Luiz Zerbini, Leda Catunda e José Bechara.

Dentre as obras que abrem o leilão, por terem estimativas menores (entre R$ 500 e R$ 1.500), estão gravuras de Arthur Luiz Piza, Oswaldo Goeldi e Marcelo Grassmam, junto com papéis de Tarsila do Amaral, José Pancetti e Antonio Bandeira.

Cícero Dias

No dia 14/2, começa a exposição das obras que serão vendidas nos quatro dias seguidos de leilões da Galeria Paulistana, a partir de 17 de março.

Entre os mais de 600 lotes da casa, chamam a atenção 11 trabalhos de Afredo Volpi, todos com lances livres, entre gravuras e pinturas geométricas, além de uma Madona figurativa.

O artista Cícero Dias, último modernista brasileiro, morto em janeiro em Paris, estará representado por nove pinturas, também com lances livres.

Cícero Dias também será um dos destaques do leilão da Bolsa de Arte do Rio, que acontece no hotel Copacabana Palace no dia 1º de abril. A aquarela sem título, de 1938, está avaliada entre R$ 150 e R$ 200 mil.

O principal lote do leilão carioca, no entanto, será um óleo sobre tela de Vicente Rego Monteiro, de 81 por 54,5 centímetros, cuja preço pode atingir até R$ 900 mil.
Dos contemporâneos estarão uma pintura abstrata dos anos 80 de Artur Barrio, um "Bicho" de Lygia Clark, uma escultura em aço de Amilcar de Castro, além de outros trabalhos de Siron Franco, Tomie Ohtake e do paraibano Antonio Dias.

Guerra

As previsões de que a guerra dos Estados Unidos contra o Iraque seja deflagrada em 17 de março, dia do primeiro leilão de arte no país, não parece assustar muito os leiloeiros.

"O clima do último leilão [em novembro de 2002] era bem mais difícil do que agora", disse Aloisio Cravo, lembrando a incerteza política da época e a disparada do dólar -que atingiu seu pico histórico em outubro, a R$ 3,99.

Mesmo assim, segundo ele, a casa conseguiu vender 30% a mais do que a média dos leilões dos últimos dois anos.

"A guerra é um componente da cabeça de cada um. Alguns ficam em crise, preocupados, e outros ignoram absolutamente."

O diretor-presidente da Bolsa de Arte do Rio, Jones Bergamin, também não acredita que o acirramento do conflito, prejudicando a economia do país, possa depreciar seu negócio.

Para ele, além da guerra já estar descontada na economia -como no preço do dólar ou do petróleo, por exemplo-, o investidor em arte, em geral, possui primeiro outras aplicações, como no mercado imobiliário ou financeiro.

"Arte é um hobby que mistura investimento com prazer", resume Bergamin.
 

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