Reuters
09/03/2003 - 22h02

Arábia Saudita quer plano da Opep para evitar choque de preços

da Reuters, em Viena

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) se reúne nesta semana para buscar um acordo que garanta a oferta mundial de petróleo em caso de guerra, sem que isso faça parecer que o organismo endossa uma ação militar contra o Iraque.

"Nosso objetivo é dar garantias de que vamos abastecer o mercado", disse o ministro do Petróleo argeliano Chakib Khelil ao chegar a Viena para o encontro de terça-feira.

À medida em que o preço do petróleo se aproxima do pico de US$ 41 o barril atingido durante a guerra do Golfo em 1990, a Opep pretende evitar outro golpe à recuperação econômica, assegurando a oferta do produto.

"É do interesse saudita controlar os preços", disse Gary Ross, chefe da consultoria PIRA Energy, em Nova York. "Eles têm toda a capacidade extra e 28% das reservas mundiais de petróleo. Eles sabem que os preços altos destróem o crescimento econômico e a demanda pelo seu petróleo".

Analistas dizem que um ataque ao Iraque poderia levar os preços para a estratosfera, mesmo que seja por um curto período de tempo.

"Em um mercado como esse, uma alta para algo acima de US$ 40 o barril deve ser esperada, mas a questão é se a alta dura uma hora, ou uma semana, e isso depende do progresso da guerra", disse a consultoria Petroleum Finance Corp, em Washington.

A Arábia Saudita já aumentou a oferta de petróleo em mais de um milhão de barris por dia para mais de nove milhões de barris este ano para acalmar os temores de guerra e compensar a queda no abastecimento causado pela greve na Venezuela.

Os Estados Unidos, onde os estoques comerciais estão no limbo, querem que os sauditas façam o máximo que podem. A Arábia Saudita, por sua vez, já deixou claro que está disposta a fazê-lo, com ou sem uma permissão formal da Opep.

"Nós podemos fazê-lo, e se necessário, nós faremos", disse uma fonte à Reuters no domingo.

O ministro saudita de Petróleo, Ali al-Naimi, tem preparado o terreno para convencer os países consumidores de que a nação pode compensar qualquer interrupção no abastecimento em caso de guerra, sem que os importadores recorram às suas reservas estratégicas.

Ele conversou na quarta-feira com o diretor-executivo da Agência Internacional de Energia, Claude Mandil, e vai reunir-se com o secretário norte-americano de Energia, Spencer Abraham, em Viena esta semana.

A Arábia Saudita, apoiada pelo Kuweit, espera conseguir junto à Opep uma resolução para suspender os limites de produção em caso de interrupção na oferta iraquiana. Mas o país enfrenta oposição potencial do Irã e da Líbia, que podem não querer fazer parte de qualquer política que acabe ajudando a ação militar no Iraque.
 

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