Arábia Saudita quer plano da Opep para evitar choque de preços
da Reuters, em VienaA Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) se reúne nesta semana para buscar um acordo que garanta a oferta mundial de petróleo em caso de guerra, sem que isso faça parecer que o organismo endossa uma ação militar contra o Iraque.
"Nosso objetivo é dar garantias de que vamos abastecer o mercado", disse o ministro do Petróleo argeliano Chakib Khelil ao chegar a Viena para o encontro de terça-feira.
À medida em que o preço do petróleo se aproxima do pico de US$ 41 o barril atingido durante a guerra do Golfo em 1990, a Opep pretende evitar outro golpe à recuperação econômica, assegurando a oferta do produto.
"É do interesse saudita controlar os preços", disse Gary Ross, chefe da consultoria PIRA Energy, em Nova York. "Eles têm toda a capacidade extra e 28% das reservas mundiais de petróleo. Eles sabem que os preços altos destróem o crescimento econômico e a demanda pelo seu petróleo".
Analistas dizem que um ataque ao Iraque poderia levar os preços para a estratosfera, mesmo que seja por um curto período de tempo.
"Em um mercado como esse, uma alta para algo acima de US$ 40 o barril deve ser esperada, mas a questão é se a alta dura uma hora, ou uma semana, e isso depende do progresso da guerra", disse a consultoria Petroleum Finance Corp, em Washington.
A Arábia Saudita já aumentou a oferta de petróleo em mais de um milhão de barris por dia para mais de nove milhões de barris este ano para acalmar os temores de guerra e compensar a queda no abastecimento causado pela greve na Venezuela.
Os Estados Unidos, onde os estoques comerciais estão no limbo, querem que os sauditas façam o máximo que podem. A Arábia Saudita, por sua vez, já deixou claro que está disposta a fazê-lo, com ou sem uma permissão formal da Opep.
"Nós podemos fazê-lo, e se necessário, nós faremos", disse uma fonte à Reuters no domingo.
O ministro saudita de Petróleo, Ali al-Naimi, tem preparado o terreno para convencer os países consumidores de que a nação pode compensar qualquer interrupção no abastecimento em caso de guerra, sem que os importadores recorram às suas reservas estratégicas.
Ele conversou na quarta-feira com o diretor-executivo da Agência Internacional de Energia, Claude Mandil, e vai reunir-se com o secretário norte-americano de Energia, Spencer Abraham, em Viena esta semana.
A Arábia Saudita, apoiada pelo Kuweit, espera conseguir junto à Opep uma resolução para suspender os limites de produção em caso de interrupção na oferta iraquiana. Mas o país enfrenta oposição potencial do Irã e da Líbia, que podem não querer fazer parte de qualquer política que acabe ajudando a ação militar no Iraque.