Reuters
10/03/2003 - 18h57

Paco Rabanne brilha com looks atemporais da era espacial

da Reuters, em Paris

Com tantos estilistas buscando inspiração na era espacial dos anos 1960 nesta temporada, parece lógico revisitar as criações de Paco Rabanne, responsável por lançar o look revolucionário -ao lado de Mary Quant e André Courreges.

Embora Rabanne tenha confiado o trabalho diário de sua maison a Rosemary Rodriguez, seu espírito estava presente na coleção que ela exibiu no domingo, em que as modelos desfilaram peças com plástico e malha metálica futurista, invenções do próprio Paco Rabanne 40 anos atrás.

Os convidados se reuniram no complexo do museu do Louvre para o quarto dia de desfiles das coleções de prêt-à-porter de outono/inverno em Paris, que também teve as apresentações de Chloé, Givenchy, Lanvin e John Galliano.

Jaquetas justas e quentes, com golas altas, eram acompanhadas por botas de couro preto até as coxas. Cintos de couro davam voltas ao corpo, usados com um suéter canelado com mangas destacáveis.

Mas o melhor de tudo eram as peças feitas de pequenos círculos interligados para produzir uma cota de malha de aparência medieval. Uma blusa solta em frente única fazia par com legging preto simples, e uma túnica com mangas em forma de sino era usada sobre um body justo.

A modelo etíope Liya Kebede reluzia num vestido de corte simples, feito de retângulos prateados, criando um efeito fluido.

Ex-arquiteto, Paco Rabanne foi o primeiro a usar materiais como metal e plástico em roupas. Mas ele só tem elogios a fazer aos estilistas que estão copiando suas idéias hoje.

"Ninguém pode me copiar. Há jovens inspirados em meu trabalho e que estão usando os mesmos materiais que eu, com seu próprio gênio e inteligência. Quando vejo um estilista jovem que usa metal e plástico, fico muito feliz", disse o estilista veterano após o desfile.

Ele confessou que não compreende a repentina onda de nostalgia dos anos 1960, que vem sendo ampliada pelos temores de guerra e recessão.

"Não entendo isso. Eu mesmo sou muito 2004, então os anos 1960, para mim, são passado. Não gosto do passado. Curto o futuro", disse Rabanne.

Febre disco

Garotas rappers e rainhas disco reinaram no desfile da estilista Phoebe Philo para a grife francesa Chloé, que esta semana comemorou 50 anos de atividades com uma festa que teve a presença de Kylie Minogue e seu novo namorado, o ator francês Olivier Martinez.

Um minivestido de paetês dourados levantado na virilha e todo enfeitado de correntes douradas parecia ter sido feito sob medida para a pequena diva pop.

A modelo tcheca Karolina Kurkova estava belíssima numa túnica esvoaçante de chiffon de seda pintada à mão com flores brancas e rosas, usada com babador de penas brancas e botas altas ao estilo de Adam Ant no início dos anos 1980.

De fato, referências à década de 1980 não faltaram no desfile, em que as modelos exibiram camisetas Flashdance enormes usadas como vestidos, ou camisas masculinas com bolsos no peito e dragonas, usadas com as mangas enroladas para cima.

Ao som de Missy Elliott, princesas do rap desfilaram casacos acolchoados de couro e acessórios vistosos, incluindo botas de camurça preta com grandes fivelas prateadas e bolsas roxas de pele de cobra com alças de corrente.

Tudo estava muito longe dos modelitos "hippie chic" com os quais a Chloé inventou o prêt-à-porter de luxo.

Mas Philo, que assumiu como estilista da maison após a saída de sua melhor amiga, Stella McCartney, dois anos atrás, não ignorou completamente as origens da grife.

Uma blusa esvoaçante, com babados, usada com calça boca-de-sino preta, com cintura alta, parecia saída diretamente de uma das fotos de moda de David Hamilton dos anos 1970.
 

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