Reuters
11/03/2003 - 16h16

Projeto iraquiano de avião não-tripulado era conhecido havia anos

da Reuters, em Doha (Qatar)

A tentativa iraquiana de construir um avião não-tripulado, capaz de lançar armas químicas ou biológicas, é conhecida há vários anos pelas agências ocidentais de inteligência, disseram a ONU (Organização das Nações Unidas) e especialistas em aviação.

A existência desse avião, ignorada no último relatório do inspetor-chefe Hans Blix, foi mencionada nesta semana pelos Estados Unidos como um dos possíveis pretextos para um ataque ao Iraque.

Em outubro de 2002, a CIA (agência de inteligência dos EUA) divulgou um documento com descrições do avião não-tripulado, que seria uma versão do L-29, usado em treinamento de pilotos. O documento está disponível na página www.globalsecurity.org.

Segundo esse site, a empresa tcheca Aero Vodochody vendeu ao Iraque 78 aviões L-29 e 90 aeronaves L-39, também usados em treinamento, entre as décadas de 1960 e 1980.

"Dada a dificuldade para adquirir peças de reposição, algumas estimativas dizem que só um quarto dos L-29 vendidos ao Iraque ainda estavam em serviço em 2002", disse o site.

De acordo com a mesma fonte, em 1990, pouco antes da Guerra do Golfo, o presidente Saddam Hussein determinou a criação de uma "Força Aérea do antraz", que lançaria agentes químicos e biológicos contra civis e tropas inimigas do Iraque.

"Os primeiros esforços para adaptar aviões de combate não foram bem-sucedidos, mas um equipamento para a dispersão foi testado com sucesso para o uso de uma substância similar ao antraz".

Em setembro de 1995, o Iraque declarou aos inspetores de armas da ONU a existência de dois projetos para permitir que aviões Mirage F-1 e MiG-21 fossem adaptados para o transporte de armas biológicas.

No mesmo ano, Saddam iniciou outro programa, que usava o L-29. Os vôos começaram em 1997. Em 1998, as asas receberam compartimentos capazes de armazenar até 300 litros de antraz ou outras substâncias.

"Se isso fosse lançado sobre uma área habitada, como a Cidade do Kuait, mataria milhões de pessoas", afirmou a Global Security.

Ainda de acordo com esse site, em janeiro de 1999 o ministério britânico da Defesa disse à revista "Jane's Defence Weekly" que o Iraque estava adaptando seus L-29 para vôos não-tripulados.

A "Força Aérea do antraz", sediada na base aérea de Al Sahra, foi destruída por aviões ocidentais no final de 1998, durante a chamada Operação Raposa do Deserto.

Algumas autoridades norte-americanas minimizam o risco dos L-29, argumentando que eles são lentos, voam baixo e podem ser facilmente identificados e abatidos. "Mas outras autoridades estão preocupadas com seu uso em ataques terroristas contra uma população civil desavisada", afirmou o site, segundo o qual o alcance do L-29 é de 800 quilômetros.

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