Reuters
14/03/2003 - 13h20

Setor de tecnologia busca no passado geradores de lucros futuros

da Reuters, em Hanover (Alemanha)

As empresas de tecnologia que participam da Cebit, a maior feira anual de tecnologia do mundo, esperam que invenções da década passada sirvam para reverter suas fortunas nos próximos dez anos.

Não surgiu ainda nenhuma nova sigla importante em Hanover, já que o setor de tecnologia, que fatura US$ 2 trilhões ao ano, está concentrado em fazer dinheiro com os termos de anos passados, como Wi-Fi, 3G e Bluetooth.

"Demora um pouco para que uma sociedade consiga digerir a velha tecnologia. Mas quando surge demanda das empresas, temos uma tempestade", disse George Colony, presidente do grupo norte-americano de consultoria Forrester Research em conferência realizada no evento. "Já está na hora de outra tempestade", disse.

A Intel, maior fabricante mundial de chips, uniu todos os grandes produtores mundiais de computadores em apoio ao seu novo chip com tecnologia de transmissão de dados sem fio, Wi-Fi, que permite que laptops se conectem à internet sem precisar de cabos.

A Motorola, fabricante norte-americana de celulares, se uniu ao canal de música MTV para transmitir videoclipes a celulares, enquanto a Philips, fabricante de bens eletrônicos de consumo, anunciou que venderá produtos de internet de alta velocidade em parceria com a operadora holandesa de telecomunicações KPN.

Os grupos de pesquisa Forrester e Gartner Dataquest previram recentemente outro ano de baixo ou nenhum crescimento para o setor de tecnologia, que está deprimido desde 2000, o seu ano de pico.

Isso é considerado um fracasso em um setor de crescimento altamente rápido, que engordou devido a ganhos de vendas da ordem de dois dígitos anuais, até três anos atrás.

Disneylândia de alta tecnologia

A Cebit, que vai até a próxima quarta-feira (19), é uma Disneylândia da alta tecnologia para as pessoas obcecadas por engenhocas eletrônicas, mas este ano a maior parte das atrações estava meio vazia. Muitos dos 27 pavilhões de exposição, de tamanho semelhante a hangares de aviões, estavam ocupados apenas parcialmente por expositores.

Grande parte das empresas enviou apenas um punhado de representantes para atender em pequenos quiosques instalados dentro dos estandes dos grandes protagonistas do setor. A Microsoft, por exemplo, abrigava em seu estande centenas de quiosques de pequenas empresas durante o evento.

As exceções foram as poucas entrevistas coletivas realizadas para o lançamento de novos celulares pelos três grandes fabricantes mundiais --Nokia, Motorola e Samsung--, que tentaram superar um ao outro acrescentando players de música, câmeras e jogos aos seus novos telefones.

Mesmo assim, os analistas dos bancos de investimento, que acompanham de perto os lançamentos dos celulares porque os produtos de sucesso podem vender dezenas de milhões de unidades, disseram que há poucas inovações.

"Estamos encontrando problemas para encontrar produtos que não foram expostos em 2002, em princípio, na Cebit 2002", disse Sofia Ghachem, analista do UBS Warburg.

O ponto alto da feira são as filas nas cabines de venda de cartões pré-pagos que permitem que os visitantes equipados de laptops naveguem pela internet via conexões sem fio em banda larga. Centenas de pontos de conexão wireless invisíveis foram distribuídos pelos pavilhões.

As filas são grandes mesmo com o preço salgado de € 7,50 por hora pelo acesso à tendência mais quente na internet de alta velocidade.

Preços muito baixos

Não há recuperação à vista para o setor de alta tecnologia, dada a guerra iminente com o Iraque, que vem abalando a confiança dos empresários.

Mas com as invenções desenvolvidas na década passada enfim se tornando baratas e poderosas o bastante para funcionar na prática, muitos executivos do setor de tecnologia dizem que é só questão de tempo para que o nevoeiro da recessão se levante e o entusiasmo volte a tomar o mercado.

"Haverá uma recuperação. O uso de tecnologia aumentará --mas a tecnologia será barata", disse Colony, da Forrester.

O acesso de alta velocidade à internet via operadores de cabos ou telecomunicações hoje custa menos de US$ 30 mensais em muitos paises, e um chip oferecendo conexão sem fio entre aparelhos próximos, conhecido como Bluetooth, inventado em 1994, hoje custa menos de US$ 5.

A cada dia pelo menos um produto conectado via Bluetooth chega ao mercado, de câmeras de vídeo a laptops, disse Jan Wareby, vice-presidente da Sony-Ericsson, fabricante nipo-sueca de celulares.

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